sandra aka margarete ~ acknowledgeyourself@gmail.com

da poesia...

«Uma vida é uma conjugação de encontros. E há modos de fixar os encontros, um deles é a escrita poética, que fixa sem imobilizar; confere a intensidade do que é eterno, do que escapa à destruição cronológica.
Malraux disse que "a arte é a resistência à morte". É-o pela intensidade do que permanece no modo instável da disponibilidade e do apelo - um acto, uma emoção, uma sensação que encontraram a forma através da qual persistem, em plenitude e acabamento. Na arquitectura de um poema disseminam-se pontos de resistência, pontos de decisão, que o tornam inseparável do fazer em que se origina (nesse sentido, ele é biográfico, e anti-biografista, evidentemente). (...) É assim que a leitura é também ela autobiográfica, é também ela experiência, resistência. (...) Um poema destina-se sempre à experiência de quem lê, ao contínuo recomeço tangente à história individual, e que faz ressoar nela os espaços-tempos não mensuráveis. (...) (a sensação de que está tudo dito é talvez a mais mortífera). (...) A vocação da poesia (...) só pode ser invisível, indizível.»  
 
Silvina Rodrigues Lopes, Telhados de Vidro (nº1)

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