sandra aka margarete ~ acknowledgeyourself@gmail.com

poema do começo

Eu num camelo a atravessar o deserto

com um ombro franjado de túmulos numa mão muito aberta


Eu num barco a remos a atravessar a janela

da pirâmide com um copo esguio e azul coberto de escamas


Eu na praia e um vento de agulhas

com um Cavalo-Triângulo enterrado na areia


Eu na noite com um objecto estranho na algibeira

-trago-te Brilhante-Estrela-Sem-Destino coberta de musgo


António Maria Lisboa



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Gregory Crewdson

é preciso uma vida inteira para determinar o que importa, e nessa altura isso já deixou de existir. [ Mickey Sabbath ]

«Mais», rogara, «mais», mas por fim ele caiu para trás com uma colossal dor de cabeça e disse-lhe que não podia continuar a arriscar a vida. Tinha-se sentado pesadamente, pálido, a transpirar e ofegante, enquanto ela prosseguia sozinha a sua demanda. Nunca tinha visto nada assim. É como se estivesse a lutar contra o Destino, ou com Deus, ou com a Morte, pensara; como se, se conseguir ultrapassar mais uma, nada nem ninguém a possa deter de novo. Parecia encontrar-se numa espécie de estado de transição entre mulher e deusa e ele teve a estranha sensação de ver alguém a deixar este mundo. Ela estava prestes a elevar-se, a elevar-se mais e mais, tremendo eternamente no supremo frémito delirante, mas em vez disso alguma coisa a deteve e um ano depois estava morta.














(…) e Sabbath deitou-se sobre a campa e soluçou como não tinha podido fazer no funeral.

Agora que ela desaparecera para sempre parecia-lhe incrível que, nem mesmo quando tinha sido o amante muito louco e enrabichado, antes de Drenka se ter tornado um absorvente passatempo para se divertir com ela, foder com ela, conspirar e tramar com ela, parecia-lhe incrível que nem mesmo então tivesse pensado em trocar a torturante chatice de uma Roseanna alcoólica e assexuada para casar com alguém cuja afinidade com ele não tinha paralelo com a de qualquer outra que conhecera fora de um bordel. Uma mulher convencional capaz de fazer tudo. Uma mulher respeitável suficientemente guerreira para contrapor à dele a sua audácia. (...) E ele nunca fizera a mínima ideia disso. Nunca, em treze anos, se cansara de olhar pela sua blusa abaixo ou pela sua saia acima, e mesmo assim nunca fizera a mínima ideia!

Agora esse pensamento arrasou-o. Ninguém acreditaria que o escandaloso conspurcador da cidade, o porcalhão do Sabbath, fosse capaz de um tal dilúvio de sentimento genuíno.

excertos de Teatro de Sabbath, Philip Roth

photo de Jeffrey-Silverthorne

Doo doo doo-doo doo doo doo doo [ you wanna be there when they count up the dudes, OK ] [ grade 2 arithmetics ] [ ok ]


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A libel action, that’s what I’m thinking. Put an end to this nonsense. Just because I’m old and live alone and can’t see very well, they accuse me of all sorts of things. Cooking and eating children, well, can you imagine? What a fantasy, and even if I did eat just a few, whose fault was it? Those children were left in the forest by their parents, who fully intended them to die. Waste not, want not, has always been my motto.


Anyway, the way I see it, they were offering. I used to be given grown-ups, men and women both, stuffed full of seasonal goodies and handed over to me at seed-time and harvest. The symbolism was little crude perhaps, and the events themselves were –some might say- lacking in taste, but folks’hearts were in the right place. In return, I made things germinate and grow and swell ripen.


Then I got hidden away, stuck into the attic, shrunken and parched and covered up in fusty draperies. Hell, I used to have breasts! Not just two of them. Lots. Ever wonder why a third tit was the crucial test, once, for women like me?



(…)
The thing about those good daughters is, they're so good. Obedient and passive. Snivelling, I might add. No get-up-and-go.

God knows all about it. No Devil, no Fall, no Redemption. Grade Two Arithmetic.


You can wipe your feet on me, twist my motives around all you like, you can do dump millstones on my heart and drown me into the river, but you can’t get me out of the story. I’m the plot, babe, and don’t ever forget it.


Unpopular Gals (from parts 2 & 3) in Good Bones, Margaret Atwood
(Unpopular Gals - part 1, traduzido pela Lebre)






rebel rebel, David Bowie

Bow-wow, woof woof, bow-wow, wow [ they call them the Diamond Dogs, OK ] [ enlightenment ] [ ok ]


dói uma porta vazia
as aduelas encerram a vida
com o contentamento
sobrevive

estupidez moribunda.
transportas confusão. mente
ò humana pessoa do desassossego
acorda,

que isto é uma súplica
por sentimento às portas
não violes as casas
dos alegres









Nate Senior: You hang on to your pain like it means something. Like it's worth something. Well, let me tell you - it's not worth shit. Let it go! Infinite possibilities, and all he can do is whine.
David: Well, what am I supposed to do?
Nate Senior: What do you think? You can do *anything* you lucky bastard - you're alive! What's a little pain compared to that?




script de six feet under, desenterrado pelo tozé - berlinde, via lebre
tanx :)








diamond dogs, David Bowie
« This ain't rock'n'roll. This is genocide!»

s e m p r e

[ c a n t o ]


foto respigada ao amigo

[ breathing ] [ prelúdio para amostras de liberdade a sugerir o Verão ]



Este é o nosso rosto

e persegue-nos. Alguma centelha

estremece nos lábios. Alguma

combustão assinala o perfil

equívoco de um destino

previsto. Amontoamos disfarces

semelhanças, hábitos, adereços

datas. Esquecemos

a modéstia, o vírus, o acidente

vascular, a neoplasia, até

que uma súbita

paragem nos liberte da

terapia, da agulha, do colírio, da

sonda gástrica, da última garrafa

de soro.


Inês Lourenço





Untitled photo, 1950-1980

òpá! tão linda!
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Camera construction by the artist




Suffragette City, David Bowie
conforme prometido : )

google rules [ replay ]


pronto!... no início do dia de trabalho a viajar para Barcelooooooonaaaa! 'ta bonita,tá!
nota texto descaradamente escrito por cima do texto original - FLOWER POWER da SA, espuma dos dias
era uma vez umas borboletas que moravam numa casa, na rua velha, rua sem saída da baixa de coimbra. casa velha, na rua velha, com janelas velhas. os visitantes da casa da rua velha sabiam que havia habitantes extra a sua anfitriã e o seu gato, o manjerico. entre si, quando a anfitriã virava costas, conjuravam sobre as ditas esvoaçantes, havia quem jurasse tê-las visto a sair do guarda-fatos. acontece que a habitante da casa velha tinha sempre a porta do seu quarto encerrada. não era possível tirar a verdade a limpo porque ela guardava a chave do seu quarto num fio de prata cujo comprimento permitia que a chave se alojasse entre cada mama. tornava-se complicado aceder à chave, pois os visitantes, embora pouco tímidos (eram, até, arrojados; mamas não os embaraçavam nem intimidavam), sabiam que as mamas da habitante haviam definhado e ninguém quereria correr o risco de se infectar com o vírus que ela transportava. porém, uma coisa era certa para qualquer pessoa que frequentasse a casa da rua velha - à noite, as borboletas transformavam-se em raparigas de branco e saíam – por isso, ninguém as ouvia durante a noite preta. eram borboletas muito resistentes, mesmo cansadas pelas danças e pela tequila amarela, quando de manhã o sol as chamava, as borboletas saíam para a sua faina, e nada parecia poder impedi-las. nem mesmo a janela fechada, contra a qual as borboletas se lançavam até que o gato acordasse e a abrisse. até que o som do embate das ajitas das borboletas contra o vidro se tornasse insuportável para quem pretendesse dormir. e assim era. quando o sol começava a entrar pela janela velha do quarto, num raio de sol que parecia uma espada do rei artur, as borboletas metiam-se ao caminho e só ficavam satisfeitas quando a janela era aberta pelo manjerico e derramava a totalidade daquele raio de luz contra o sono. e então iam às suas vidas de borboletas, de flor em flor de azul em verde e em tantas cores e assim e tal e tal. e à noite, à noite havia quem dissesse que elas se aperaltavam todas enquanto ouviam música e contavam piadas e segredos umas às outras. e que depois saíam no encalce de alguma festa dançante. talvez as borboletas vivessem de facto dentro do guarda-fatos, dentro do quarto encerrado cuja chave estava protegida entre as mamas flácidas da habitante da casa velha da rua velha da baixa velha de coimbra. era um guarda-fatos de uma porta só, com espelho, pequeno, como quem diz de uma cama de solteiro, dentro dele (isto é um segredo) havia um vestido de poliéster branco às bolinhas corrosa, verde-alface, azul e vermelhas. estava-se bem dentro daquele guarda-fatos na semi-obscuridade até que a espada de luz se anunciasse. ou talvez as borboletas vivessem nas mamas da habitante, tem lógica, pois parece que se haviam libertado da sua barriga. foi num dia de abraços e de vida, as borboletas, dizem, viviam na barriga da habitante e faziam cócegas, muitas. nesse dia, as borboletas ouviram uma voz macia e gemelar a dizer à habitante “gosto de ti. tanto. muuuiiiiiiiiiiitooo.” (com muitos iii, mesmo!, muiiitos iiiii com os pontos todos lá) e resolveram que era a sua vez de liberdade. saíram pelo umbigo. as selvagens! libertaram-se e não quiseram saber se têm má fama por serem felizes e beberem tequila. talvez nem tenham fama. nada as impedia de dançar o rock and roll. e era por isso (dizia-se) que as borboletas estavam sempre a arranjar namorados que depois as deixavam porque elas gostavam da vivacidade branca, mas também podia ser colorida, consoante os dias. era mais forte que elas, que fazer? quando isso acontecia surgia uma geração espontânea de borboletas com asas negras, metálicas, na barriga da habitante cujas mamas eram velhas. além da aridez das mamas, geravam-se úlceras na barriga provocadas pelas asas. numa dessas vezes, de manhã a casa esvaziou-se e as borboletas ficaram fechadas no quarto, talvez no tal guarda-fatos, todas alinhadas dentro de sacos-camas, com as ajitas dobradas (como saber?). Uma coisa é certa: nessa manhã a habitante soube que as borboletas negras de asas metálicas sofrerão a metamorfose, as suas asas tornar-se-ão em ajitas, e com um golpe de afecto sadio sairão da barriga todas as noites mas não se instalarão no guarda-fatos de madrugada. após as tequilas voltarão para dentro da sua barriga. pelo umbigo.

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photo




the dipsy doodle, Ella Fitzgerald
era uma vez uma personagem que tinha uma balança. quis pesar pesos. uma actividade naturalmente natural. de um lado e do outro, o que queria ser e o que não queria ser. de olhos vendados, para não fazer batotice! o que pesou mais?... a vida. como a personagem fosse de desacreditar a vida, procurou outra balança. enjeitou a que tinha. encontrou uma balança no meio da balbúrdia, na lota do peixe, e decidiu que aquela é que estava verdadeiramente aferida. aquela sim! voltou a pesar, desta vez, a vida e a paz. a vida pesou mais pesada. a personagem encarreirou na paz. algures, numa lápide deserta, está inscrito aqui jaz a personagem R.I.P.

que trazemos no regaço? [ assim, o meu colo se assombra ]


credo! credo!, digo. sabes. tu sabes. o quanto me espanto em espanto galopante. espanto crónico. em crises de agudização que não atenuam com a maturidade. e tu. tu sabes que não é só o facto de emergir com novas competências para se ir sendo feliz. é o emergir com a competência para reconhecer convictamente o que é a gente. sem cambalear. a nossa gente. após os rastreios (que parecem, inicialmente, anti-natura) desdobram-se as pequenas verdades. são minúsculas quando percebemos quantas vidas cabem numa hora. e quantas horas são tão poucas. ou as suficientes. a fugacidade das pequenas verdades. tudo o que cabe num dia só. as datas existem, são palpáveis.
Ah!... e tu. tu sabes. sabes. sabes. contagias-me a cada expiração que fazes. estás aí. e és. e sabes que és.
se o mundo todo te pudesse conhecer… Ah! se o mundo (todo) tivesse esse privilégio! mostras-lhes dos teus olhos e eu questiono-me se os merecem. depois, friamente, tiro ilações egocêntricas e aceito que possam ter essas pistas de ti, porque fico com a minha verdadinha – és da existência. guardo-te mulher. uso a palavra da noite em ti. mulher, por entre espinhos, num repente, a palavra da noite é pura de novo. é tua. mulher mulher. dou-ta. é tua. é tua. é tua. espinhos, senhores, isto são espinhos
e uma flor nos olhos. quisera.

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mi manji

o meu manjerico não deixa espaço para dúvidas, é um caçador. de vez em quando não sei onde param as tampas dos ralos da casa de banho e depois lembro de, dias antes, ter visto o felino a passar com uma tampa na boca com ar de caçador eficaz. é implacável com as imitações de ratos que lhe trago do supermercado. faz balanço do sofá lançando-se no ar para caçar um ou outro insecto esvoaçante...
hoje, após umas horas ausente, estranhei que não requisitasse a minha atenção exclusiva. pois. pois é. olhei para debaixo da mesa para ver o que tanto o mantinha ali...



já corri a casa toda e não encontro resposta para a origem destas penas que estão espalhadas pela sala. primeiro, pensei que pudessem ser do sofá, mas depois de examinar as penas percebi que não, pois as do sofá são brancas e estas são cinza claro nas pontas. já vi debaixo do sofá e dentro da casota do dito caçador. nada. na varanda também não. como vieram parar estas penas ao 7º andar?!
algumas provas do mistério das penas...

ò! o ar desfocado de não é nada comigo, pois não?

entretanto, lembrei-me que ontem fez 2 anos que somos homemates
: )

no shame

no. there is nothing above it. no. neither fear. some. neither fault. some. neither omission. some. many lyrics. (not to say of the books) they speak. lyrics. and to think they're dating the sound. so there are all those mistakes. in sound and words. and some well aimed things. here and there. now and then. ya have to consider the natural gap. some things just don't level to cope. despite meaning. words and eyes are nothing without arms. tenderness. kindness. born from the skins scent. perfume. becoming fearlessly unstylish (conscious act: denial of glamour). weak to strong to weak - awareness, and back again. sound brotherhood. (...) releio palavras escritas no passado recente e penso quão indecifráveis podem parecer. (são?) dúvidas de escrevente amadora. amante. escrevente por necessidade visceral. pintei. fotografei. montei peças. decifrei enigmas. toquei teclas, proibidas por mim há já 20 anos... até ao dia do abrir do cadeado - chamo-lhe o meu testemunho de futuro não utópico. voltei aos grafemas. volto sempre. todos os dias dos meus dias são povoados por estes signos que se transformam em fonemas que tentam acontecer-nos a expressão. sem oitavas nada seriam. deixo aqui a minha confissão: peno por não saber escrever um poema. há muitas peças soltas, mas não as consigo juntar de modo a soar a essa coisa que me traz alimento. a letargia toma-me quando me faço confrontar com a escrita que por aí vai. nem faço como a menina que, quando era contrariada, recolhia ao sarcófago. fico só. só. assim. a olhar aqueles conjuntos de palavras. embriagada de significação. como a menina que não sabia porque, mas gostava de pianos e de palavras e de imagens e de e de e de e de e de e de e de e de às vezes, muitas vezes, quase sempre, a menina gostava. como ela, perder as capacidades da fala e da visão, apenas saber ouvir. analogia com os requisitos necessários para carpir –emitir som e ver. ter a aptidão de dizer, como um trovador, qualquer coisa como é a tristeza de acordar e me doer os braços, as lágrimas recusarem-se a cair em torrente, ficar ali sem saber se estico os braços ou se envolvo o meu corpo desgraçado, dizê-lo sem banalidade. será este um desejo presunçoso? querer dizer o banal em beleza. como dizer estou em causa de ser ou estou cansada de me cortar em pedaços sem poder ver o sangue jorrar, sem parecer uma confissão biográfica? apenas pela escrita. escrevendo à procura, não me faço, fico em espera. como introduzir expressões que nos entram de rompante de modo a que sejam apenas isso - um poema? lembro-me de pequenas partículas que me induzem esse desejo... cinza. ashes to ashes. tristesse. eternamente sem vida, viva. ser vampira eficiente da escrita para matar o silêncio desta incapacidade poética.
...



Silêncio
Assim como do fundo da música
brota uma nota
que enquanto vibra cresce e se adelgaça
até que noutra música emudece,
brota do fundo do silêncio
outro silêncio, aguda torre, espada,
e sobe e cresce e nos suspende
e enquanto sobe caem
recordações, esperanças,
as pequenas mentiras e as grandes,
e queremos gritar e na garganta
o grito se desvanece:
desembocamos no silêncio
onde os silêncios emudecem.
Octavio Paz



poema-oferenda de uma poeta minha






assim me fico, a ouvir



acknowledgement - love supreme, Coltrane
Não sei se respondo ou se pergunto.
Sou uma voz que nasceu na penumbra do vazio.
Estou um pouco ébria e estou crescendo numa pedra.
Não tenho a sabedoria do mel ou a do vinho.
De súbito ergo-me como uma torre de sombra fulgurante.
A minha ebriedade é a da sede e a da chama.
Com esta pequena centelha quero incendiar o silêncio.
O que eu amo não sei. Amo em total abandono.
Sinto a minha boca dentro das árvores e de uma oculta nascente.
Indecisa e ardente, algo ainda não é flor em mim.
Não estou perdida, estou entre o vento e o olvido.
Quero conhecer a minha nudez e ser o azul da presença.
Não sou a destruição cega nem a esperança impossível.
Sou alguém que espera ser aberto por uma palavra.

António Ramos Rosa


hmm...



a quem é que eu emprestei o meu dvd "asas do desejo"?!!! vá! @ culpad@ que dê um passo à frente!
é chato... aborrecido... quando há erros editoriais nos jornais, uns mais que outros
dou uma ajudinha, reformulo, então, o título da
notícia:









photo: Elliot Erwitt



oh, please! confundir educação com agressão?!...





childrens poem, ursula rucker








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aconteceu, por um acaso, a família nunca inventara uma palavra para as manhãs. a palavra da noite estava gasta. as manhãs enchiam-se húmidas de música. as noites eram guardadas por diferentes toadas de silêncio. conhecendo o tempo do amadurecer da polpa, aguardava o instante em que a pudesse voltar proferir. limpa. a palavra da noite era agora só uma palavra. a madrugada, música de palavras vindas dos dedos de outrem.







Alice, Bernardo Sassetti


TAGV - 28 de Abril



photo: grand piano, Jenni Tapanila

durante a quaresma, diz-se: oh cristo. [ ou ( a bestialidade da compreensão humana) ]


there's always the first times and days after
admirável mundo. admirável. a veemência. as opções. as decisões. o estabelecido. a bestial potência - explorar cada uma das forças inatas de que se está munido. o verdadeiro arsenal. a permissão para que as vísceras se revoltem. assanhar junto com elas, entre elas. engelhar-se e emergir num admirável mundo - o mesmo, transformado, não perdido. comover-se. lugares momentaneamente abaláveis. os lugares comuns. rejeitar o jogo do teatro da vida.



sair de casa a correr sem olhar para trás. nem saber se a porta ficou escancarada, porque não interessa, é como se a casa agora esteja protegida. se de um milagre da quaresma, instantâneo, se tratasse. correr. correr. rua abaixo. país abaixo. perceber que teria forças para atravessar o atlântico a nado, fosse necessário e a tarefa cumpria-se. o estiramento dos lábios aqui, dar-se conta dele quando se olha quem nos traz também o bem querer. quem mandou plantar tremocilha nos campos para estar tudo belo e amarelo à nossa passagem, ainda com a preocupação de que a hora tardia a que a nossa correria por lá passasse retirasse o esplendor da cor. não. não retirou. o mar como oferenda, muitos olhos e muitos braços. estar em casa, com a porta escancarada. e emocionarmo-nos. gratidão. ter a música do mundo nas nossas mãos. pedir, com trejeitos pouco tímidos, a john coltrane que faça da música um acknowledgement. depois, diamanda, para não perder a lucidez. vena cava. andar de bicicleta e esfolar os joelhos. e rir. rematar com cumplicidade ao mesmo tempo que se pensa "a minha vida já valeu a pena, há muito tempo. quero mais.". desejo: que a minha inteligência seja emocionada. a emoção tem razão, não se pode tolher a vida. quero mais. a minha escolha. gratidão. comoção. confiança. o afecto sadio.
o eterno saber: despite the music, we're gonna be alright.

imagens de Jan Saudek

eclipse (with leonard cohen & diamanda galas)



still de merry christmas, mr lawrence








Pensamento de amor: gosto tanto de ti que desejaria ser teu irmão ou ter-te dado à luz eu próprio.

Cesare Pavese
in O Ofício de Viver









sim, meu amigo, é magnífico. magnífico! é.

Fate Descends towards the River Leading Two Innocent Children

Fate Descends towards the River Leading Two Innocent Children, Jan Saudek, 1970
Runaway Train, Soul Asylum
Magnífico. fabuloso. notável. fantástico.

012706.gif

it's called brotherhood

nota reprodução parcial de post do cp

O vício da noite

.

.

Uma noite em claro dura muito mais que
um dia.
Uma noite...

.

Ouve.
Ouve-me!



Estou suspenso no conteúdo
das paredes e ruas escuras.

Invoco a vaga recordação de luz,
antes que o éter na negra perversão
da noite me inebrie.



Estou acordado, encantado,
onde o tempo é mais lento
e procuro despertar.



Soam silvos dos seres que nunca dormem

(O reboliço e agitação dos dias,
fazem com que passem despercebidos)

é nesta quietude que tudo se sonha
para os dias em que tudo acontece.

nota: as fotos, são da Sandra que assim conseguiu estar ausente dos planos.

posted by: cp

Tuesday, 12 July 2005




tonight we fly, the divine comedy