sandra aka margarete ~ acknowledgeyourself@gmail.com

cravings

my cosy couch, my loved one & my cat, old movies &...

pronto

fiz uma ronda de ~~ min à net, visitei a imprensa, visitei os blogs do dia, mandei bitaites, emocionei-me, fiz posts... vou agora àquele ritmo estúpido a que me propus - mesmo sabendo que seria estúpido - (levo um poema comigo) b'dia, gentes

Biografia



Tive amigos que morriam, amigos que partiam
Outros quebravam o seu rosto contra o tempo.
Odiei o que era fácil
Procurei-te na luz, no mar, no vento.

Sophia de Mello Breyner Andresen in MAR


foto por Dr Gica no pescada nº5

estória

das coisas belas (sem mais adjectivos)

Manoel de Oliveira, amor, Paris e a palavra "casa"

Tão depressa estou atenta a datas significativas, como deixo passar das mais importantes, um fenómeno banal relacionado com o tema também banal "a disponibilidade". Quer isto simplesmente dizer que uma data é uma data é uma data. Falo hoje, porque fui lembrada ontem. Refiro-me a Manoel de Oliveira, ao amor, a Paris e à palavra "casa", porque ontem ao serão deu-se uma sequência de acontecimentos que provocou estas ligações, após o zapping que me levou a ver uma pequena reportagem sobre o centenário de Manoel de Oliveira e outra reportagem sobre Saramago. Nesta última, olho um grande plano sobre um painel singelo onde se lê "A CASA". A imagem prossegue, mas eu fico parada na palavra "casa".
Oiço Saramago a proferir o nome da mulher "Pilar" na forma mais pura de se dizer "o meu amor". Silêncio. Só me apetece repetir a minha memória e ouvir amiúde "Pilar".
A televisão ficou como ruído de fundo da sala de luzes suaves e quentes, falou-se de viagens.
Há coisas que fazem sentido só para nós próprios. Não sei se fica explícita a lógica desta sequência ou se é "só uma coisa minha".

Enfim.
Quero deixar aqui o desejo de Feliz 100º Aniversário a Manoel de Oliveira, autor de uma mão cheia de filmes que vi (que são poucos tendo em conta a sua produção) dentre os quais um filme dos "muito significativos" para mim, para a ilustração da minha vida - "Vou para Casa".
Bem haja, Manoel de Oliveira.
Que a natureza continue a ser caprichosa!

(os espelhos donde as almas partiram)

entre a saliva e os sonhos há sempre
uma ferida de que não conseguimos
regressar

e uma noite a vida
começa a doer muito
e os espelhos donde as almas partiram
agarram-nos pelos ombros e murmuram
como são terríveis os olhos do amor
quando acordam vazios

Alice Vieira


(resultado de mais um assalto à lebre)

(foto do dia)


...

Sabes o que é o amor? Poder e não poder
dizer o teu nome sem que me rebente
dentro do estômago, dos intestinos, dos pulmões
a faca de infecções de que poderei morrer.


Joaquim Manuel Magalhães


surripiado à Lebre

(Despacho lento e longínquo)

(Assim passaram as luas)
Gemi da verdade praticável
disse-te “reza”


Com a pele oca
feres-te

todavia não podes padecer
a tua dor
ainda não tem sangue

e demora.



.

have fun

Photobucket
lonesome autoportrait in coffeeshop - Amsterdam, 2007
para a C.

Photobucket
absent cat window - Amsterdam 2007
para o P.
-> som :)

sabemos que...

... andamos a trabalhar demais quando começamos a comprar chocolates para ter na gaveta da secretária e o nosso pensamento foge constantemente para o Jameson do final do dia.


Bom fim de semana, gentes :)

correspondência [ pai natal ]

A picture of Christmas Luxury Cat Stocking by Pets at Home - Pets at Home: Buy Pet Supplies from our Online UK Pet Shop

oh pá!!!

E, mesmo já sendo crescidos o suficiente para saber que...

Aproveitei um intervalo para ler o discurso de Obama. Quero que fique aqui registado. Faço minhas as palavras da minha amiga:

«exit ghost

Não podia vir mais a propósito este título do Philip Roth. Mais que a vitória de Obama, liberta-se o mundo da indigência idiota de W. Bush. Não fora o dano, e teria parecido que o mundo esteve em stand-by. Como quando nos esquecemos da agulha a rodar sobre o disco no prato. E, mesmo já sendo crescidos o suficiente para saber que Obama vai falhar e acertar, umas vezes com os gregos, outras com os troianos, já leva um avanço do caraças por ter o mundo todo a torcer por ele.

Quantos de nós se imaginam com tamanho peso sobre os ombros?

menina-alice»
. . .


Obama: O discurso de vitória
publico.pt

Boa noite, Chicago. Se ainda houver alguém que duvida que a América é o lugar onde todas as coisas são possíveis, que questiona se o sonho dos nossos fundadores ainda está vivo, que ainda duvida do poder da nossa democracia, teve esta noite a sua resposta.

É a resposta dada pelas filas de voto que se estendiam em torno de escolas e igrejas em números que esta nação jamais vira, por pessoas que esperaram três e quatro horas, muitas pela primeira vez na sua vida, porque acreditavam que desta vez tinha de ser diferente, que as suas vozes poderiam fazer essa diferença.

É a resposta dada por jovens e velhos, ricos e pobres, democratas e republicanos, negros, brancos, hispânicos, asiáticos, nativos americanos, homossexuais, heterossexuais, pessoas com deficiências e pessoas saudáveis. Americanos que enviaram uma mensagem ao mundo, a de que nunca fomos apenas um conjunto de indivíduos ou um conjunto de Estados vermelhos e azuis.

Somos e sempre seremos os Estados Unidos da América.

É a resposta que levou aqueles, a quem foi dito durante tanto tempo e por tantos para serem cínicos, temerosos e hesitantes quanto àquilo que podemos alcançar, a porem as suas mãos no arco da História e a dobrá-lo uma vez mais em direcção à esperança num novo dia.

Há muito que isto se anunciava mas esta noite, devido àquilo que fizemos neste dia, nesta eleição, neste momento definidor, a mudança chegou à América.

Há pouco recebi um telefonema extraordinariamente amável do Senador McCain.

O Senador McCain lutou longa e arduamente nesta campanha. E lutou ainda mais longa e arduamente pelo país que ama. Fez sacrifícios pela América que muitos de nós não conseguimos sequer imaginar. Estamos hoje melhor devido aos serviços prestados por este líder corajoso e altruísta.

Felicito-o e felicito a governadora Palin por tudo aquilo que alcançaram. Espero vir a trabalhar com eles para renovar a promessa desta nação nos próximos meses.

Quero agradecer ao meu parceiro neste percurso, um homem que fez campanha com o seu coração e falou pelos homens e mulheres que cresceram com ele nas ruas de Scranton e viajaram com ele no comboio para Delaware, o vice-presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden.

E eu não estaria aqui hoje sem o inabalável apoio da minha melhor amiga dos últimos 16 anos, a pedra angular da nossa família, o amor da minha vida, a próxima Primeira Dama do país, Michelle Obama.

Sasha e Malia, amo-vos mais do que poderão imaginar. E merecem o novo cachorro que virá connosco para a nova Casa Branca.

E embora ela já não esteja entre nós, sei que a minha avó está a observar-me, juntamente com a família que fez de mim aquilo que sou. Tenho saudades deles esta noite. Reconheço que a minha dívida para com eles não tem limites.

Para a minha irmã Maya, a minha irmã Alma, todos os meus outros irmãos e irmãs, desejo agradecer-vos todo o apoio que me deram. Estou-vos muito grato.

E ao meu director de campanha, David Plouffe, o discreto herói desta campanha, que, na minha opinião, concebeu a melhor campanha política da história dos Estados Unidos da América.

E ao meu director de estratégia, David Axelrod, que me tem acompanhado em todas as fases do meu percurso.

Para a melhor equipa alguma vez reunida na história da política: tornaram isto possível e estou-vos eternamente gratos por aquilo que sacrificaram para o conseguir.



Mas acima de tudo nunca esquecerei a quem pertence verdadeiramente esta vitória. Ela pertence-vos a vós. Pertence-vos a vós.

Nunca fui o candidato mais provável para este cargo. Não começámos com muito dinheiro nem muitos apoios. A nossa campanha não foi delineada nos salões de Washington. Começou nos pátios de Des Moines, em salas de estar de Concord e nos alpendres de Charleston. Foi construída por homens e mulheres trabalhadores que, das suas magras economias, retiraram 5 e 10 e 20 dólares para a causa.

Foi sendo fortalecida pelos jovens que rejeitavam o mito da apatia da sua geração e deixaram as suas casas e famílias em troca de empregos que ofereciam pouco dinheiro e ainda menos sono.

Foi sendo fortalecida por pessoas menos jovens, que enfrentaram um frio terrível e um calor sufocante para irem bater às portas de perfeitos estranhos, e pelos milhões de americanos que se ofereceram como voluntários, se organizaram e provaram que mais de dois séculos depois, um governo do povo, pelo povo e para o povo não desaparecera da Terra.

Esta vitória é vossa.

E sei que não fizeram isto apenas para vencer uma eleição. E sei que não o fizeram por mim.

Fizeram-no porque compreendem a enormidade da tarefa que nos espera. Porque enquanto estamos aqui a comemorar, sabemos que os desafios que o amanhã trará são os maiores da nossa vida – duas guerras, uma planeta ameaçado, a pior crise financeira desde há um século.

Enquanto estamos aqui esta noite, sabemos que há americanos corajosos a acordarem nos desertos do Iraque e nas montanhas do Afeganistão para arriscarem as suas vidas por nós.

Há mães e pais que se mantêm acordados depois de os seus filhos adormecerem a interrogarem-se sobre como irão amortizar a hipoteca, pagar as contas do médico ou poupar o suficiente para pagar os estudos universitários dos filhos.

Há novas energias para aproveitar, novos empregos para serem criados, novas escolas para construir, ameaças para enfrentar e alianças para reparar.

O caminho à nossa frente vai ser longo. A subida vai ser íngreme. Podemos não chegar lá num ano ou mesmo numa legislatura. Mas América, nunca estive tão esperançoso como nesta noite em como chegaremos lá.

Prometo-vos. Nós, enquanto povo, chegaremos lá.

Haverá reveses e falsas partidas. Há muitos que não concordarão com todas as decisões ou políticas que eu tomar como presidente. E sabemos que o governo não consegue solucionar todos os problemas.

Mas serei sempre honesto para convosco sobre os desafios que enfrentarmos. Ouvir-vos-ei, especialmente quando discordarmos. E, acima de tudo, pedir-vos-ei que adiram à tarefa de refazer esta nação da única forma como tem sido feita na América desde há 221 anos – pedaço a pedaço, tijolo a tijolo, e com mãos calejadas.

Aquilo que começou há 21 meses no rigor do Inverno não pode acabar nesta noite de Outono.

Somente a vitória não constitui a mudança que pretendemos. É apenas a nossa oportunidade de efectuar essa mudança. E isso não poderá acontecer se voltarmos à forma como as coisas estavam.

Não poderá acontecer sem vós, sem um novo espírito de empenho, um novo espírito de sacrifício.

Convoquemos então um novo espírito de patriotismo, de responsabilidade, em que cada um de nós resolve deitar as mãos à obra e trabalhar mais esforçadamente, cuidando não só de nós mas de todos.

Recordemos que, se esta crise financeira nos ensinou alguma coisa, é que não podemos ter uma Wall Street florescente quando as Main Street sofrem.

Neste país, erguemo-nos ou caímos como uma nação, como um povo. Resistamos à tentação de retomar o partidarismo, a mesquinhez e a imaturidade que há tanto tempo envenenam a nossa política.

Recordemos que foi um homem deste Estado que, pela primeira vez, transportou o estandarte do Partido Republicano até à Casa Branca, um partido fundado em valores de independência, liberdade individual e unidade nacional.

São valores que todos nós partilhamos. E embora o Partido Democrata tenha alcançado uma grande vitória esta noite, fazemo-lo com humildade e determinação para sarar as divergências que têm atrasado o nosso progresso.

Como Lincoln disse a uma nação muito mais dividida do que a nossa, nós não somos inimigos mas amigos. Embora as relações possam estar tensas, não devem quebrar os nossos laços afectivos.

E àqueles americanos cujo apoio ainda terei de merecer, posso não ter conquistado o vosso voto esta noite, mas ouço as vossas vozes. Preciso da vossa ajuda. E serei igualmente o vosso Presidente.

E a todos os que nos observam esta noite para lá das nossas costas, em parlamentos e palácios, àqueles que estão reunidos em torno de rádios em cantos esquecidos do mundo, as nossas histórias são únicas mas o nosso destino é comum, e uma nova era de liderança americana está prestes a começar.

Aos que querem destruir o mundo: derrotar-vos-emos. Aos que procuram a paz e a segurança: apoiar-vos-emos. E a todos aqueles que se interrogavam sobre se o farol da América ainda brilha com a mesma intensidade: esta noite provámos novamente que a verdadeira força da nossa nação não provém do poder das nossas armas ou da escala da nossa riqueza, mas da força duradoura dos nossos ideais: democracia, liberdade, oportunidade e uma esperança inabalável.

É este o verdadeiro génio da América: que a América pode mudar. A nossa união pode ser aperfeiçoada. O que já alcançámos dá-nos esperança para aquilo que podemos e devemos alcançar amanhã.

Esta eleição contou com muitas estreias e histórias de que se irá falar durante várias gerações. Mas aquela em que estou a pensar esta noite é sobre uma mulher que depositou o seu voto em Atlanta. Ela é muito parecida com os milhões de pessoas que aguardaram a sua vez para fazer ouvir a sua voz nestas eleições à excepção de uma coisa: Ann Nixon Cooper tem 106 anos.

Ela nasceu apenas uma geração depois da escravatura, numa época em que não havia automóveis nas estradas nem aviões no céu; em que uma pessoa como ela não podia votar por duas razões – porque era mulher e por causa da cor da sua pele.

E esta noite penso em tudo o que ela viu ao longo do seu século de vida na América – a angústia e a esperança; a luta e o progresso; as alturas em que nos foi dito que não podíamos e as pessoas que não desistiram do credo americano: Sim, podemos.

Numa época em que as vozes das mulheres eram silenciadas e as suas esperanças destruídas, ela viveu o suficiente para se erguer, falar e votar. Sim, podemos.

Quando havia desespero e depressão em todo o país, ela viu uma nação vencer o seu próprio medo com um New Deal, novos empregos, e um novo sentimento de um objectivo em comum. Sim, podemos.

Quando as bombas caíam no nosso porto e a tirania ameaçava o mundo, ela esteve ali para testemunhar uma geração que alcançou a grandeza e salvou uma democracia. Sim, podemos.

Ela viu os autocarros em Montgomery, as mangueiras em Birmingham, uma ponte em Selma, e um pregador de Atlanta que dizia às pessoas que elas conseguiriam triunfar. Sim, podemos.

Um homem pisou a Lua, um muro caiu em Berlim, um mundo ficou ligado pela nossa ciência e imaginação.

E este ano, nestas eleições, ela tocou com o seu dedo num ecrã e votou, porque ao fim de 106 anos na América, tendo atravessado as horas mais felizes e as horas mais sombrias, ela sabe como a América pode mudar.

Sim, podemos.

América, percorremos um longo caminho. Vimos tanto. Mas ainda há muito mais para fazer. Por isso, esta noite, perguntemos a nós próprios – se os nossos filhos viverem até ao próximo século, se as minhas filhas tiverem a sorte de viver tantos anos como Ann Nixon Cooper, que mudança é que verão? Que progressos teremos nós feito?

Esta é a nossa oportunidade de responder a essa chamada. Este é o nosso momento.

Este é o nosso tempo para pôr o nosso povo de novo a trabalhar e abrir portas de oportunidade para as nossas crianças; para restaurar a prosperidade e promover a causa da paz; para recuperar o sonho americano e reafirmar aquela verdade fundamental de que somos um só feito de muitos e que, enquanto respirarmos, temos esperança. E quando nos confrontarmos com cinismo e dúvidas e com aqueles que nos dizem que não podemos, responderemos com o credo intemporal que condensa o espírito de um povo: Sim, podemos.

Muito obrigado. Deus vos abençoe. E Deus abençoe os Estados Unidos da América

Tradução de Mª João Batalha Reis
See Explanation.  Clicking on the picture will download  the highest resolution version available.
Earth at Night
Credit: C. Mayhew & R. Simmon (NASA/GSFC), NOAA/NGDC, DMSP Digital Archive

it's the 6th of November [ Hallelujah ]

early spring # 02 por C__M.early spring # 01 por C__M.

fotos de c_m, atrevidamente apelidadas por mim: perfect day flowers

e o som? bem, o som já sabes... perfect day ;)*

venho, por este meio

... mandar às urtigas todos os #$%&?! que não conseguem o atrevimento de sentir uma pontinha de alegria (quiçá até de esperança) com a vitória de Obama.
.fim de msg.

...


Rui Bebiano in A Terceira Noite

. . .

«Friends,

Who among us is not at a loss for words? (...)
What will it be like to have a smart president? (...) I know, pinch me. (...)
Wow. Seriously, wow.

Yours,
Michael Moore»

[ da lei de Murphy (metástases e rostos gelados) ]


Lembrei-me que existi antes
disto tudo. Perdi o tacto
dos tempos em que não lidava
com o padecimento nas mãos

nos olhos e no pescoço. Na palavra
dor colocamos tamanhos sobressaltos
e desalentos. Tantas vezes enredados
na lufa-lufa das paredes brancas
passamos a existir como se esta fora
a primeira vida. Os dias galgam-nos
violentamente e já estamos enredados.
Poucas vezes acordamos para a investida.


Perdemos as outras verdades.
Hoje não há poemas em mim. Hoje
há tábuas duras a raspar-me
a genica para dentro do poço.
Há uma súplica.
Não me posso confessar.
Encontro-me numa estrema circular.
Receio tombar. A diferença
entre um poema e um rosto
gelado é o meu abismo. E eu
fico aqui parada como se pudera
parar. Talvez eu nunca tenha
existido antes da dor. Digo
lenga-lengas que escondo
nesta coisa de proporção infernal.
Sem fugir das perguntas,
mudo-me na verdade. Hoje
é o dia seguinte
e volto a existir. Engasgo
esta fraqueza com músculos duros
e ponho um pé à frente
do outro pé nesta sequência
descuidadamente atenta. Distrair
a mente é o recurso após a escrita
desta mágoa.

Saio destas palavras
e vou ao encontro imediato
da íntima distracção
num fôlego.

[poema surripiado]

CATÃO

A pátria é triste. Sofro. Estou calmo.
Único honesto, entre desonestos, clarividente,
entre os cegos, a indignação há muito acalmo.
Estou só. Sofro quando ninguém sente.
A honestidade ― que solidão! A coragem cansa.
Em breve, cadáver que a outros mortos fala,
penso em Atenas, plena de alegria mansa,
e no coração afogo palavras que o pudor cala.
Estou cansado de prever o negro acontecer.
Algo nasce. Algo morre. Com quem perde, estou.
Honestidade é pátria de quem outra não sabe ter.
Ao abismo das causas perdidas, quieto, vou.
Melhor do que ocupar-me da minha pobre vida,
agora que os pássaros a cantar começam,
na espada pego, com mão há pouco ferida
― o ventre rasgo. Percebo que meus pés tropeçam.

Lourenço Marques, 7.2.75


Eugénio Lisboa

surripiado ali

leituras...

Mudar de vida! *

A vida pode mudar no decorrer dos dias em que os corações ficam presos nas imprecisões da desilusão. Hoje é Domingo, Outubro já se foi. Deixei-o esvoaçar porque outras urgências se impuseram. Enredei-me nestes dias que agora se agarram ao projecto em que se acredita.
Acreditar é a grande lição, disse-me um dia o meu amor. Repito as suas palavras na casa vazia e comovo-me. Não são tantas as horas para o seu regresso, enquanto espero, repito-o. Repito a esta hora palavras dos corações e comovo-me.
Cheguei aqui e não estou ilesa. Carrego a lista de empreitadas de vanguarda cujo peso procuro ignorar. Faço. Adianto. Sigo. Repetindo os corações a sentir o meu pensar.
Enquanto as canções passam lições, hoje é Domingo e deixo passar o Choupal e o Alentejo ao meu lado. Tem de ser, outros dias haverá para o regresso. Preciso de afirmar que jamais compreenderei este fenómeno. Faz sentido, é evidente que compreendo, mas não compreendo. Repito com força o que recebi no concerto de Sexta-feira: Mudar de vida! Confirmo o empreendimento leal para com os meus parceiros, alcançando o sentido desta seita com quem me envolvi. E regresso às minhas coisas.
Não saberia estar de outra forma que não fosse a desta gratidão: chá de jasmim, um gato, o trabalho desarrumado na mesa, Domingo, a saudade do petiz que também é meu, Zé Mário Branco, Al Berto e Herberto, tu e o regresso dele. A presença e a ausência sem a atroz delinquência do abandono.
Regresso às questões que ficarão sempre por responder. Estou sou eu, como sempre. Confusa e esclarecida. Cá vou andando com os mesmos temas de sempre. Como todos nós, andando aos círculos inexactos. Confirmo as lições a cada vez que digo: gosto de ti. É assim que mudo de vida.

Photobucket
father & son at the museum
Centro de Artes de Sines - Outubro, 2008

* José Mário Branco

barata tonta [ p.s. happy halloween ]

É a expressão que me surge, pesquisei no google imagens por "barata tonta" e esta foi a 1ª que me surgiu. Parece-me apropriada. Estou a tornar-me numa daquelas pessoas horríveis que não têm tempo "para mais nada" :S



bom fim de semana, gentes :)

o vento, a faca, o fogo, a voz e a violência

Depois fui embora e carreguei o pensamento de dureza. Mastiguei todas as ausências de habilidade que engoli. Estou agora em processo de digestão, é por isso que me falta a voz. (Por me faltar a voz, mas restarem as locuções sou bendita.)
Estas palavras que me atravessam são violentas e destroem primeiros pedaços. São pedaços antigos pelo que estalam porém ficam presos na garganta como se não fossem água.
Ah, se eu soubesse… Repito “Ah, se eu soubesse…” e torno-me numa feliz desconhecida de tudo o que pudesse ter sido projectado acerca destes dias. É a fúria com que assinalo na agenda a lista de compras que rebenta comigo, a feliz desconhecida. A faca não corta o fogo. A faca não corta o fogo. A faca não corta o fogo.* Esta voz que me atravessa.**
E assim vou, inédita, a violentar o resto destas forças com palavras que não sei fazer entender, mas sei serem iminentes.
Ah…

[T09203B002535.jpg]

František Drtikol
surripiado ao Manel

*
**

H0

Das hipóteses formuladas surgiu o erro. Surge sempre um erro tardio na ciência. Todos sabemos disto. Percorri cada item com um cuidado que ultrapassou a reflexão. Agora continuo na frente daquilo em que creio hoje. Tenho as pastas cheias de nomes que transformei em números. Penso nos clichés que o homem disse ontem à tarde e sublinho a pertinência da minha irritação. Quem disse que arte e ciência são sentenças distintas? (nota: a pergunta formulada previamente é, ela própria, um cliché)



Percorro as tabelas e rio louca. Sou muda, a irritação esvai-se rapidamente.
Dentro de cada célula existe espaço suficiente para os erros do Homem. A chalaça está no engano dos números. Gente crescida deveria saber isto na ponta da língua.
Acaso amanhã receba o convite para a discussão do estado da arte denunciarei a minha ausência. O meu Outono é mais importante.



Hoje revezo a minha arte com a minha ausência. Uma ausência em confiança.
É nisto que creio hoje. Firme, sinto o primeiro frio e perpasso memórias como me convêm. Afinal, sinto tudo. É assim mais importante dizer adeus enquanto ainda há tempo. Deixando para trás as persuasões.
Podeis verificar, como acima demonstrado, que é fácil engendrar textos que nos tragam de volta o início da manhã. Também escrevo. Posso fazer mistura de todas as imagens que sonho e dizer adeus. E voltar a cada desejo.

esta blogger vive mais um momento "I Will Survive"





as hipóteses que se colocam são:
H1 postaremos loucamente nos próximos dias
H2 estaremos ausentes nos próximos dias
H3 estaremos ausentes nas próximas semanas
H4 estaremos ausentes nos próximos meses

b'dia, saúdinha e afins :)

hei-de fazer uma coisa destas para aquele parvalhãozito que vive lá em casa


clicar na imagem para ver idiotazinhos "em maior"
mais ali... ali e ali

Replay

E mais tarde certamente estarei exposta a lágrimas alheias. Por agora deixo que esta que possuo se beba na minha face. Não sei afiançar se se trata de uma grande lágrima ou de um pequeno fio de água que me atravessa.

Esta voz que me atravessa e outras imagens privadas com que fui presenteada procederam aos rituais iniciáticos deste dia.
Oiço agora em replay a homenagem matinal aos amigos. Ao amor.


não resisto... mais uma prenda

o relogio de cuco com que a menina alice sempre sonhou... mas não sabia
http://designhead.net/cdimino/images/cuckoo_pic.jpg
aqui

shopping (se fosse às compras para as vossas casas de banho)

para a menina alice...
Toilet Seat
aqui

para a Marta...
P-ano Black - Click Image to Close
aqui

para a lebre...
egg bathroom rug
aqui

para o manel, claro...
shower breasts
aqui

para o c...
Light, Music, Shower from Zucchetti Rubinetteria
zucchetti rubinetteria music shower light
aqui

para quem apanhar...
Funny Shower Curtain
aqui

Gas Mask Shower
aqui

Small Steps Bath Mat
aqui

e para mim...
http://freshome.com/wp-content/uploads/2007/12/bathroom-organiser2.jpg
aqui

blogs

há quanto tempo não visita os blogs de Carlos Sousa de Almeida? tsc tsc tsc




http://casoual.files.wordpress.com/2008/06/lartigue-opio.gif
Lartigue, Opio
(surripiado ao CSA)
bom fim de semana

Herberto

[herberto-faca.jpg]


(...) é preciso ler Herberto para entender o que o mundo não é. (ler mais)
Negar três vezes por Sérgio Lavos

asco


O quê? Votação contra no projecto de lei para o casamento entre homossexuais.
Quem? Grupo parlamentar do PS aka 121 deputados -> pessoas, homens e mulheres, portugueses de ideologia de centro-esquerda... volver... direita!
Como? Levantando-se no momento do voto “contra” [apesar dos deputados do PS explicarem que estão a favor da união entre pessoas do mesmo sexo (?!!!)]
Onde? Assembleia da República Portuguesa, lá para os lados de São Bento
Quando? Hoje.
Porquê?!!! . . .

raquitismo por privação de poesia

um dia, voltarei a criar... nem que sejam posts inúteis num blog qualquer

http://i284.photobucket.com/albums/ll33/meninatoxicapolva/Bathroom_stories_by_nebulaskin.jpg

fotografia surripiada à menina tóxica

rentrée em pausa

http://paris.moleskinecity.com/wp-content/uploads/2006/12/exp-klein.jpg

Yves Klein
Globe terrestre bleu, 1962


saúdinha!

(: é isso mesmo que estão a pensar :)


do que me fizeram lembrar agora...

Bottles wall, Friedensreich Hundertwasser
surripiado ao CSA

afinaaal...







«The hoaxer identified himself as Tristan Dare, and described himself as a “media artist who specializes in masterminding viral ‘guerrilla style’ interactive online performances,” who is a “citizen of the world, and currently resides in the global village".»