sandra aka margarete ~ acknowledgeyourself@gmail.com

mostrengos como nós

Ando muito próxima do chão
(como se fora parido por mim)

não trago más notícias
apenas anuncio no chão
mais um nascimento

de emoção hipotética

ponho uma coragem
de cada vez
a autorizar o perdão
por ter aterrado.

O caminho e o chão andam, assim, longos no cansaço e nem por isso posso morrer hoje. Tenho de escrever cartas abertas para o meu testamento popular. Acasos dos julgamentos de mim.


Ainda não encontrei a solução para o milhar de histórias que passou nisto.
Não posso morrer depressa.
Mudo o tom.
Não trago más notícias, apenas este anúncio sabido.
A cachola quase se afogou para lá chegar.
São as coisas das emoções vacilantes.
São coisas do medo dentro do medo.
Coisas vulgares, portanto. Difíceis.
Não sei escolher culpados se oiço.
Sem inocência.
Assumi o namoro e casei
com as alucinações
não lhes sou desleal.

Sou mostrengo como nós
à nossa imagem inteligente.

Sem intervenções bacocas.







photo

coerência, estigmas e Monsieur Lavoisier

Pensava e escrevia e revia registos. Está tudo tão emaranhado, tanto quanto a minha cabeça que dói como se fora ela a própria dor. Não deixo que me suguem o que não há mais para sugar e logo direi stop. Penso e escrevo e revejo escrituras. Penso e engulo tudo. Se não engolir tudo nunca saberei o que ando a fazer à noite durante os sonhos rituais. Não posso parar. Espero que logo chegue rápido. Então estender-me a correr dentro da minha cabeça estas obsessões pelas quais ainda não percebi o processo empático. É importante esclarecer: #1 não sei; #2 “A coerência total é a das pedras e talvez dos imbecis” (Vergílio Ferreira); #3 penso a transformação, dizia há um ano - Porque não é um sonho, nem a falácia de um pesadelo. É a tua nudez a soldo com um pedaço a menos de inocência. És estanque no arrepio
-aragem à pele
sem abalar veloz. Abalar.
(grande celeridade)
Guardar o belo
(grande urgência)
do demais banalizado.

esclarecimento solene

Teria de fazer os retratos das criaturas. Porém distraio-me. Faltam-me construções não-verbais. Não sei a ciência da exactidão e sou alheada nos olhos.

(teria de fazer os retratos)

Acederia falas com cada fácies que acaso me declararia consentimento. Iniciaria malabarismos para os contratos visuais. Pegaria numa craveira de metal, lápis e folha protocolar. Mediria imprecisões. Olharia cada cabeça e pescoço de revés, depois a três quartos, dianteira e perfil. Talvez ajuntasse coragem para espreitar a nuca.

Alinharia os corpos dos retratos e educaria sobre a ausência de normas.

Não é empreitada inteligível reflectir cabeças sem mandíbula e pescoços sem voz. Acredito, os esgares que vejo acontecidos, são porventura sorrisos verídicos.







photo: anatomy lesson, Tony Ward

palavra tristesse no tempo

Agora não posso escrever isto. Não tenho tempo. (o tempo é a vontade de me levantar) As cartas restantes estão encerradas. Lambi as folhas até cortar a face em pedaços iguais às dores. (encolhi o sono até aos olhos arregalados) Fiquei quieta no corpo. Não tenho tempo para electrificar a voz, não desespero. Espero.

Estou a olhar a impotência a rodos.
(é a história toda sempre assim a circular em fórmulas que não soluciono)

Quisera abraçar a lágrima que está lançada.
.
.

Indaga. Num ápice avistarás
o relato das feridas sãs.

Quão abandonada amei o corpo -
missão horrorosa. Recordo
os vidros e o cuidado, socorro
a ideia do odor - sangue
enxuto em cinza (e o bafo,
indício do retiro). Entendo
peles de amar este corpo.

Explica-me o resto a prender-te aqui em renúncia.


Sam Taylor Wood
... foto surripiada ao Luís

boas!

Photo Sharing and Video Hosting at Photobucket

a verdade é que as obras anunciadas neste blog são de tipo sta engrácia, estão em andamento-interrompidas

como não gostamos (eu e o gato) de ver o blog no aspecto interrupção não-anunciada, exibimos aqui provas do nosso ócio
até já, até sempre!

34.

ontem houve noite acertei-me como clarão fechei a porta cobri o cadáver de pano na caverna consertei um lápis na mortalha a alcançar palavras


(_os_corpos_a_ferir_poesias_ fluidos_às_cores_os_corpos_nítidos_imundos_exsudados_os_corpos_confusos_desaparecidos_já_dos_corpos_sem_cogitar_os_corpos_poesias_em_cima_da_pele_e_das_peles_sem_pausa) _sem_pausa____ ) sem_pausa_________ )




Embrace, 1917
Egon Schiele

] untitled [

Não foi embora
com o término das horas
a perfazer outro dia. Viveu
a insónia comigo, dormiu
comigo, acordou comigo.

Pior, trabalha comigo.
O aperto da ambiguidade
no afecto d’alguém
com serventia ao nosso coração
labora calmo, devastador
a arrepiar a intimidade
.

moods 5.

Tenho apertos dentro do peito e não
minto

tivera tempo e choraria
as vezes caladas

das dores que nos infligimos
hoje despertaram fortes
e eu não
revejo os palcos creio
na mansidão do peito.

Não minto.
Não falo.
Não choro.
Estou apertada.
Creio.


Demoramo-nos.