em guerra, chegara a hora de deitar. o pai ia sair para trabalhar. qual a sua profissão. vai trabalhar de noite. polícia? médico? bombeiro?
a mãe, preocupada, diz que há um soldado a passar a todas as janelas de casa. é térrea. tem medo. mas o pai tem de ir trabalhar. faz muita falta na comunidade. os filhos. são três. o mais velho, de cabelo castanho como a mãe, franzino, quando for homem não terá porte atlético. o segundo filho, de cabelo claro, quase loiro, como o pai, embora 2 anos mais novo que o outro, mais alto. o mais velho venera a mãe, é o seu mundo. o mais novo sabe que a mãe é dele.
o terceiro filho, é uma menina, tem cerca de 2 anos, de cabelo claro, quase loiro, como o pai. já dorme.
os rapazes têm de estar na cama antes de o pai sair porta fora. há alguma agitação, o mais novo destabiliza o mais velho. finalmente, os dois na cama. pela janela entra a luz da noite. O soldado ainda ronda a casa. o pai beija a mãe na face, vou trabalhar. a mãe fica.
a cama de casal. mobília de quarto completa, de madeira escura. colcha clara na cama. branca. a colcha de casamento. pela janela entra a luz da noite.
o soldado ainda ronda a casa.
é uma mulher com marcas do amor, três filhos, uma guerra.
prepara-se para dormir. sabe que o soldado já está casa adentro. tem medo. pelos filhos. tem medo. fará o que for necessário para os proteger, não faça mal aos meus filhos, por favor.
tem medo.
vem armado. traz intercomunicador.
ela ouviu as histórias. alguém denuncia uma família. diz que são contra. os soldados vêm. castigam essa família. tem medo. Por favor, os meus filhos não.
ele chega-se à porta do quarto. ela treme. de camisa de noite. descalça. olham-se. ela receia. isto não acontece. não pode ser. tenta sair do quarto. quer pegar nos três filhos e correr. correr.
quer pegar nos três filhos e correr.
ele não deixa. olham-se. olham-se. ela receia. ou antes. assusta-se. vê um Homem.
acha que o soldado vê uma mulher. deixa de ter medo. Os meus filhos ficarão bem.
não podem fazer barulho.
ele recebe uma comunicação. não deve fazer barulho no corredor. as crianças dormem. entra no quarto. puxa a mulher pelo braço que se senta na cama, enquanto o soldado fala com alguém nessa língua estranha deles. ele está calmo mas a conversa prolonga-se do outro lado. segura a mulher pela mão. sem força. o tom de voz dele é-lhe familiar. que não receie.
ela não tem medo.
olha a silhueta.
pela janela entra a luz da noite.
o soldado está dentro da casa.
sente-se bem com a mão dele segurando a sua. começa a brincar com a mão dele. os dedos estão quentes. moles. entrelaça os dedos de ambos. aguarda que ele acabe de falar.
sabe bem. ter mãos juntas.
não suportaria mais a espera do beijo dele. que magia têm as suas mãos. segurando-lhe a face enquanto a beija. Amo este homem
o soldado está entre os lençóis dela. Parece que o tempo parou. ela nunca tinha conhecido aquela sensação. entendem-se. uma e outra vez. toca-a onde ela não sabia que sempre desejou ser tocada. desfalece. perde as forças. que ele resgata de novo para ela. não sabia o êxtase.
faz dos seus seios flácidos e velhos os mais cheios do mundo.
ela ouviu as histórias. alguém denuncia uma família. diz que são contra. os soldados vêm. castigam essa família. não tem medo.
violou mulheres?
na sua língua estranha, ele pede-lhe que faça sexo oral.
ela recusa.
ele não lamenta.
de noite, em guerra, quando?
2 comentários:
Olha Olha... A Maria Margarete tem um blog...
:)
Saluts!
Carlos; Pedro; Carlos Pedro; CêPê... ou mais qualquer coisa...
cêpê!!!!!
:D
alentejano carago! que saudades! ópá!
'saudinha home'! é bom ver-te por aqui!
não desapareças tanto!
:*
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