extra! extra!
O Homem sem Qualidades de Robert Musil
Dom Quixote, 2008
tradução de João Barrento
Soube das boas novas n'O café dos loucos
...«O livro "O Homem sem Qualidades", de Robert Musil, vai ser publicado em Portugal em quatro volumes no âmbito das obras completas do escritor austríaco, que a Dom Quixote começa a editar quinta-feira.
"Os dois primeiros volumes de `O Homem sem Qualidades` vão incluir o que foi publicado no passado em Portugal, enquanto o terceiro e quarto tomos apresentarão partes do espólio", revelou à Lusa o tradutor João Barrento, director da colecção."»
groundlevel and below [ moods, talks & walks ]
Here come greetings from the fires of dusk
From all the places you never dare to walk
You never saw the silent battle zones
Beneath your towers and beyond your gardens
Was born a walker
Into this world I walk
And what's to miss about the old ball-and-chain
Imaginary top-of-the-foodchain-ways
I've found more truth in a cheap bottle of wine
I've found more life by a burning barrel
Was born a walker
Into this world I stalk
Run now, my friend
If you think you are free
Duck my friend, and cover
If you think you are safe
Here come greetings from the fires of dusk
From all the thoughts you never dared to think
From all the choices you'll never dare to make
Just a postcard from groundlevel and below
Postcard de Anywhen
Bem-estar. Sensação de conciliação. Comoção.
A minha avó materna foi a última a partir. Sempre se disse que eu, dentre as sete netas, era a mais parecida com a avó. Sendo que eu a considerava uma pessoa dura, assustava-me essa comparação que carregava desde a infância. Viver próximo da minha avó dos 20 aos 24 anos, trouxe-me as provas da beleza dela. Beleza que não era acessível a todos, pelo que poderei dizer que fui privilegiada. Vimo-la partir demasiado cedo, como sempre se vê partir um ente querido. A partida da minha avó materna implicou a ascensão de todos nós na hierarquia familiar. Cada geração passou à instância seguinte.
Há mulheres na minha família materna que parecem ter sido inspiração do filme Volver. O meu avô, falecido há vinte e cinco anos, jaz numa campa que nunca deixou de ter flores frescas. Já me aconteceu chegar ao cemitério e não ter onde colocar as flores que levara de tão cheias as duas jarras. Agora, na mesma campa, jaz a minha avó há quase sete anos.
Sete anos volvidos, uma campa dupla sempre airosa e a casa intacta. A casa intacta. Nem uma teia de aranha, apenas um ligeiro odor a casa encerrada. Cada objecto no respectivo local onde a avó os deixara a última vez que lhes tocara. As molduras com as nossas fotografias, os bibelots, os naperons feitos pela avó. Apenas a ausência de dálias na jarra junto ao telefone.
Sabendo a família que eu precisava urgentemente de cadeiras novas, as minhas tias perguntaram-me se eu queria receber aqui em casa a mobília de sala de jantar dos avós. A resposta foi imediata: sim, claro, muito obrigada por terem pensado em mim. Lá se fez a visita ritual para observação do estado de conservação dos móveis. A tia F. ia dizendo “Se quiseres levar mais alguma coisa, diz, escolhe.”. Chegara o tempo de dar mais um passo no luto dos avós. Cada um contou as histórias de que se lembrou. Derramaram-se algumas lágrimas e disse-se que a vida não deveria ser assim.
No final, trouxe uma carrinha cheia de móveis. Não fazia a mínima ideia de como os iria dispor cá em casa, pois se a casa já estava toda mobilada… mais umas horas de prazer e acabada a distribuição dos móveis pela casa, sentámo-nos a observar os vestígios de avós cá em casa. Já cá moravam: a cómoda dos meus avós paternos, junto com o chapéu dele e o xaile dela; o baú dos avós paternos dele e os paninhos da avó materna, que os continua a enviar a cada visita. Agora, acrescentados a mesa de jantar e as oito cadeiras devidas, as duas poltronas de napa, a mesinha de apoio com tampo marmoreado, os pequenos objectos como o relógio despertador verde-água e a candeia a petróleo, fica a casa completa. Cada objecto parece ter sido concebido a pensar na minha casa. Porém, o que trouxe de mais fantástico não foram os móveis ou os objectos que, de forma melhor ou pior, sobrevivem aos anos sem necessidade de cuidados. No pátio que serve de ligação da casa dos avós com as várias divisões de arrumo, há um espaço específico para as plantas da avó… volvidos sete anos, as plantas da avó mantêm-se vivas, graças aos cuidados da minha tia O.. Esta é uma das coisas que me faz estremecer por dentro. Eu não sabia que as plantas da avó lhe continuavam a sobreviver. Volvidos sete anos! Comoção. Que eu trouxesse as que desejasse. Todas, até, disse a tia F.. Trouxe 3 plantas enormes, duas estão aqui na sala comigo e uma está na varanda. Não existem palavras comuns para descrever esta espécie de sensação de conciliação com a ausência da minha avó ao olhar as plantas que foram criadas, envasadas e regadas por ela.
Bem-estar é: chegar à sala e confirmar que após estas semanas as plantas vingaram da mudança de casa; ver o verde misturado com esta maravilhosa luz da manhã; fazer um galão-margarete (leite aquecido com casca de limão, café tirado com mistura de canela no cachimbo); regar as plantas com um silencioso “bom-dia, 'Vó…” e o implícito “tenho saudades tuas”; beber o galão enquanto olho de novo o verde com a luz da manhã e o gato roça as minhas pernas ao som de Cinema de Rodrigo Leão.
... por partes (ou eu queria mesmo era aprender a conduzir uma Sportster)
Ontem percebi que me considero velha. Não sabia dessa opinião de mim sobre mim. Vi um grupo de 3 jovens motards numa estação de serviço. Lembrei os meus tempos de pendura e dei por mim numa afirmação mental terrível: e eu que sempre quis aprender a conduzir uma Sportster… mais uma coisa que nunca farei. Que horror! Não dei um salto de assombro no banco do expresso porque me resta alguma compostura pública. Que horror. Aos 34 anos 3 meses e 5 dias dou por mim a considerar-me encerrada para coisas que me são ainda possíveis.
(Não me conformo com este fracasso. Irrita-me que aquele sucesso não estivesse nas minhas mãos apenas.)
Não consegui transcrever as passagens do Livro dos Amores Risíveis. Azar. Leiam, é um livro com título certeiro, genial. E malicioso, pois não deixa adivinhar o génio das palavras que contém.
Ontem sofri na viagem de regresso. Tudo começou no momento em que liguei para o terminal a confirmar a hora do expresso e a moça do outro lado da linha se esqueceu de me avisar da hora de encerramento da bilheteira. À chegada ao terminal para o expresso das 21h, verifiquei que a bilheteira estava encerrada, ainda assim parecia haver por ali alguma vida. Pouca, mas alguma. Considerei-me cheia de sorte quando vi chegar um autocarro poucos minutos antes das 21h. Depressa me desenganei quando o motorista me avisou que terminava ali a sua viagem. Ainda me falou acerca do seu cansaço como se eu fora uma das principais responsáveis por tal. Tive oportunidade de lhe perguntar como seria resolvida a questão da aquisição do meu bilhete. Informou-me que “as regras da casa dizem que o motorista é obrigado a levar o passageiro”. Pois bem, muito obrigada, esclarecida senti-me mais tranquila. Entrei na espécie de sala de espera para não ser agredida pelo vento. Passados cerca de 2 minutos, esse mesmo motorista entrou na sala, dirigindo-se ao “quadro da luz” começou um movimento que me levou à audição de clicks sonoros e à percepção de escuridão crescente na sala. Após ter desligado todas as lâmpadas fluorescentes avisou-me “vou fechar a sala”. Saí de novo entregando a minha sensível face ao vento. Encerradas as luzes da espécie de sala de espera e metade das exteriores, o cansado motorista partiu sem me desejar boas noites. Acendi um cigarro. E outro. Eu e muitos metros quadrados de asfalto que compõem o piso do terminal de expressos. Eu e o exercício de esquivo a pensamentos acerca das imensas possibilidades criminosas daquele cenário do qual eu fazia parte física naquele instante. Chegaram pessoas no número de três. Percebi que aguardavam passageiros do autocarro que, esperava eu, me traria de volta a esta cidade que hoje é a minha cidade.
Quando o autocarro finalmente chegou e explanei a minha situação ao motorista tive de arcar com a sua expressão solene de momento de reflexão para decisão acerca do “meu caso”. E a minha revolta mordida nos lábios. Aquele já não era o cenário com iminentes possibilidades criminosas mas o cenário em que alguém se sente poderoso por ter em sua posse de algo que outro deseja. Para poder saborear esse momento de glória, o motorista informou-me convicto de que não me poderia transportar até Coimbra. Deixei de morder a minha revolta e informei-o das “regras da casa”. Por esta altura, o resultado do round margarete-motorista actualizou-se para 1-1. Telefonou, ou fingiu telefonar, para uma autoridade nas “regras da casa” e informou-me “Oh dona, eu levo-a mas se a polícia me mandar parar sou eu que me lixo. E tem de me dar uma caução ou o seu bilhete de identidade porque há pessoas que chegam ao destino e depois fogem para não pagar lá o bilhete.”.
O que é que eu fiz? Calei-me, claro. E dei-lhe 10 euros para a mão. Se calhar, pensavam que lhe daria a hipótese de trocar palavras comigo… no way, José! O gostinho de lhe dizer o que penso dele tem menos peso do que a minha protecção – o direito de poder interromper a comunicação o quanto antes.
Assim cheguei a esta bela cidade e assim tive de ouvir o taxista acerca das misérias que se vêm na noite de Coimbra. Estou cansada.
Estando cansada é mais do que evidente que fui premiada com uma insónia daquelas. Como tenho a mania de que sou esperta, lutei contra a insónia. Tristemente cómica. Não me levantei, não fui esfumaçar, não fui fazer outro chá, não tentei ler mais um pouco, não me liguei à net, não liguei a t.v., não pus um DVD, não ouvi música, não escrevi. Informei a insónia que o meu corpo estava exausto pelo que deveria - pelo menos - ficar em repouso na horizontal, no escuro, no silêncio. Bem feita. A insónia aliou-se ao inconsciente e tramaram um sonho que consistiu no seguinte - brilhante e singelo - enredo: dormi a noite inteira meio-enterrada numa cavidade existente no meu colchão com o formato do meu corpo e moldado para que eu tivesse de dormir limitada a uma posição apenas.
Assim, dormi na posição em que adormeci sem conseguir aliviar o corpo até de manhã. Padecendo com as dores associadas à manutenção de posturas demasiado prolongadas, este singelo enredo teve o momento alto no final: acordo com escaras no corpo.
Eis que chegamos a mais uma Sexta-feira e regresso à estranha ideia de liberdade. Porém, esta liberdade será curta, tenho demasiado trabalho para adiantar. (Digo adiantar para não sentir com tanta dureza a realidade do atraso que já levo.)
Chegada esta Sexta-feira, vejo alguém desistir imprudentemente de algo e não tenho como agir sobre tal. O fracasso. Estando eu indirectamente implicada, reflicto sobre o assunto como se fora a principal responsável. Típico. Boooring. Devo ser a pessoa que mais me entedia. Enfim. Siga.
Ontem à noite, quando regressava a esta bela cidade, ouvi Quinteto Tati e essa maravilha que é o Exílio. Depois ouvi Anywhen. Escrevia mentalmente numa aceleração que certamente mantinha a minha adrenalina bastante ocupada. Fui feliz. Pensei na quantidade de texto que escrevo apenas para mim e na relação que esse facto tem com a issue - não querer falar de publicações. Estava feliz. Escrevi tanto para mim. E não anotei num papel ou sequer gravei. Nem por isso sinto que se tenha perdido algo. Estava feliz na plenitude de ter ao meu alcance dois dos álbuns que melhor conhecem as minhas entranhas e a capacidade intacta de linguagem. Antes de adormecer, li mais um fragmento do Singer e pensei: na Sandra e em saudades; na Ana Cristina Leonardo e lembrei o livro que quero ler com o B.; na Dra. F. e na “gestão de más notícias”. Acedi na minha memória a copiosas reflexões que estão em aberto. Voltei ao efeito “A Estrada” e senti. Senti sem censura.
Despedi-me. Até amanhã. Quisera e cá cheguei. Trago comigo o texto do comprimento do meu cabelo, o desenvolvimento da viagem de táxi, as aventuras da aprendizagem de condução da Sportster, o relato do fracasso, a morte do Sr.E., a esposa do Sr.A., o luto familiar pelo velho Mercedes, as colegas das salas contíguas, uma imensidão de textos e a ausência de lamentos por não ter exclusividade de tempo para a escrita dos mesmos. Ontem sofri na viagem de regresso. E fui feliz. Devo ser a pessoa que mais me entedia. Sou a pessoa que mais me entretém.
Hoje o meu abdómen é um nó e eu sei como viver com ele.
Ora porra.
Mom weeps and dad's on that silence. Não lhes (nos) roubaram um carro, roubaram o carro da família. O Carro da Praia, como dizem as minhas sobrinhas, pois o seu destino principal nos últimos anos tem sido a Nazaré. Queremos o carro da nossa família de volta. Porra.
[série [ depois veio o coelhinho e foi com o pai natal ]
God & America
God bless all of you in this Easter Week as we begin the 6th year of Bush's War.
God help America. Please.
Michael Moore
(sobre o silêncio)
A refeição celebra-se na quase total mudez. Com interrupção para o cumprimento à cozinheira – Está delicioso, como sempre.
Raramente tenho azar na cozinha. Talvez o motivo resida no amor - prazer – com que me sereno frente ao fogão. Aprecio cada momento. Tudo realizado com tonalidades de ritual. Foi sempre assim. Fui sempre assim. Cozinho com a boca e com os olhos. Sou calculista relativamente a cada componente da refeição. Aquisição dos ingredientes, confecção, cerimónia de serviço. Talvez a tarefa que execute com maior primor. Nunca estudei ou trabalhei com tanto preceito quanto o faço em tarefas relativas à cozinha.
Tomo café e fumo o cigarro para dentro da lareira.
Estes dias são… Estes dias são… Não consigo. Não o consigo pronunciar.
Há expressões cuja vida se completa no silêncio.
lindo. lindo!
Do livro "A Estrada" de Cormac McCarthy.
rituais
Eu sei o que é que se passa. Sinto que cheguei à recta final. A uma recta final. Estou diferente. Atenção, não é todos os dias que percebemos mudanças em nós próprios ou nos outros. Estais a ler uma confissão de grande monta. Acabo de declarar o início de uma nova era. Uma era que começou faz algum tempo, mas da qual ainda não havia apontamento oficial por a sua instalação, até à data, não ser inteiramente certa. Assim seja dito: estou diferente, mudei, já não sou a mesma.
Tenho de chorar qualquer coisa que ficou para trás, e tem de ser hoje.
Tem de ser hoje.
Para amanhã planeio descansar a cabeça deste speed de canções ao sabor da estranha ideia de liberdade. E um gin.
cenas perigosas e blogs do dia
Com a cumplicidade de que povo?!
... os blogs de todos os dias são do Carlos Sousa de Almeida:
OS 2 PILARES DA CRIAÇÃO
[ A estrada de Cormac McCarthy ] (um livro para se ler em silêncio)
Este é o meu filho, disse. Lavo-lhe o cabelo, sujo com os miolos de um morto. É a tarefa que me cabe. Depois embrulhou-o no cobertor e levou-o até ao fogo.
Sentado, o rapaz titubeava. O homem mantinha-se atento, não fosse ele tombar nas chamas. Com os pés, abriu buracos na areia para as ancas e os ombros do rapaz no ponto onde ele iria dormir e depois sentou-se com ele no regaço enquanto lhe passava os dedos pelos cabelos diante do lume para os secar. Tudo isto como uma qualquer unção imemorial. Assim seja. Evoca as formas. Quando mais nada tens, constrói cerimónias a partir do nada e dá-lhes vida com o teu sopro.
in A Estrada de Cormac McCarthy
tradução de Paulo Faria
Relógio D'Água, Editores
2006
dedicado àquele parvalhãozito que está lá em casa a ocupar o sofá
via Manel , na caixa de comentários da lebre - mais uma semana tio Tom
nota label -vocês sabem lá- surripiada à menina-alice
a tribo e a vala comum
esgotamos frequências cuja utilidade não nos cabe discriminar.
Recolhemos ecos desordenados. Demarcamos gavetas p’ra depois
amalgamar em toadas discernidas. Os dias, os mal moídos,
acarretam ricochetes atordoadores das nossas vozes. Ao início
das casas saem corpos com cachola. Atrás do entardecer
nos edifício entranham-se As coisas, em rastejos andróides.
Disformes amassos de linguagens .defuntos .abrimo-nos mutismo.
[ moagem da cachola nos dias úteis - em 1ª pessoa, mas agora do plural]
2000
Color video on plasma display mounted horizontally on wall
descanse em paz [ mortalha azul ]
... Tal foi, aconteceu esta noite. Fui eu quem fez a cova, outra coisa não seria de esperar. Confesso que ficou um pouco artesanal, formato oval e pouco profunda. Atenção, pouco profunda, mas profunda o suficiente (assim o espero).
A origem do óbito? Não interessa ao assunto que descrevo.
O corpo mantinha as últimas roupas de que o próprio se havia coberto nesse dia de manhã. Sem urna. Dei por mim a olhar cadáver e cova, indecisa. Não tinha coragem de o lançar à terra sem quaisquer rituais. Larguei a pá e corri até ao meu carro. Trouxe a manta azul, a minha linda manta azul. Enrolei o corpo denso da melhor forma em todo aquele azul. Empurrei e puxei o corpo para a sua morada final. Cobri todo o azul de terra. Fui embora.
Não sem antes virar-me para trás e dizer adeus. Adeus.
religião*: deus não só existe como é bom ** [ Hallelujah ]
a ler provas de contacto sobre Leonard Cohen de João Lisboa, começando (e muito bem) assim:
a ler... mais provas
A tua partida nunca [me] é [demasiado] fácil *
But I know, darling, that you do
But if I did I would kneel down and ask Him
Not to intervene when it came to you
Not to touch a hair on your head
To leave you as you are
And if He felt He had to direct you
Then direct you into my arms
Into my arms, Oh Lord
Into my arms, Oh Lord
Into my arms, Oh Lord
Into my arms
And I don't believe in the existence of angels
But looking at you I wonder if that's true
But if I did I would summon them together
And ask them to watch over you
To each burn a candle for you
To make bright and clear your path
And to walk, like Christ, in grace and love
And guide you into my arms
Into my arms, Oh Lord
Into my arms, Oh Lord
Into my arms, Oh Lord
Into my arms
And I believe in Love
And I know that you do too
And I believe in some kind of path
That we can walk down, me and you
So keep your candle burning
And make his journey bright and pure
That he will keep returning
Always and evermore
Into my arms, Oh Lord
Into my arms, Oh Lord
Into my arms, Oh Lord
Into my arms
retiro [ capítulo I ]
(tempo de)
Insisto na tarefa gaga. Mastigo uma boca cheia de amêndoas a tentar ignorar a humidade. Penso nos homens e nas mulheres da repartição. Aumento a intensidade. Used songs. Obsessão. Casa. Levanto-me para estender roupa. Volto a sentar-me. De súbito. Tom Traubert's Blues. Caem largas águas pelo meu corpo. Repentina e espantada, ponho-me a lamber os cacos. Sinto força para recuperar cacaréus que coleccionei ao longo destes longos anos. Faço replay. Deixo-me desafogar de choro enquanto arranco a farpa e faço o curativo a ambas mãos.
Assusta-me a resiliência.
2000
two channels of color video on two plasma displays mounted side-by-side, vertically on wall
[ sobre ganas ]
mercado do quebra costas
mau feitio
Rua Quebra Costas, nº42/44
3000-340 Coimbra
absorver. obsceno. lateral. caminho. fuga. meio.
# preparar-me para 15 horas de crucificação lenta, agendadas para a primeira semana de Abril.
# preparar-me para uma discussão irritantemente cheia de sorrisos (que prevejo infrutífera) na segunda semana de Abril.
# pôr mãos na massa dum projecto que anseio e do qual sei que me irei arrepender uma centena de milhar de vezes até estar terminado.
# tomar uma decisão daquelas
# e… fazer a pega final ao bode.
Portanto, parece-me o timing certo para aceitar o convite de participação em… mais um blog!
Bruxelas, 1967
Apocalipse
Agora cantarolo "Nobody does it better" (versão Thom Yorke). Tentando ignorar a minha voz. Depois lembro "Into my Arms" e aguardo lágrimas. É o mínimo, chorar. Acho indecente não chorar. Tenho de resolver isto. Praticante do mal-menor estamos todos sós, acérrima defensora de que inocentes são culpados de outros crimes, agora lembro "É mais fácil um camelo…".
Oh - suspiro profundo - céus, mulher, desacelera!
Inspiro. Expiro. Inspiro. Expiro. Rio. Rio a brincar ao contrário de que o inferno são os outros. Rogo para que não contem comigo. Chama-se a isso: o preço.
Estamos sempre a atingir novos máximos. Históricos.
algumas referências ~ ring-around-a-rosie ~ É mais fácil um camelo ~ O Fugitivo ~ Beirut ~
Maria Gabriela Llansol
no acknowledge yourself
no insónia
n'Os livros ardem mal
à deriva
Les Uns et les Autres
o rosto dos soldados que interrogaram homens
no Iraque no Afeganistão
o ar crispado de quem não era suposto ser julgado e passar uns tempos na prisão
olhei o Mal o cinismo a ignorância a ignomínia as botas cardadas
a pele exposta sem outro camuflado que não o do medo
as discussões abstractas infames dos generais dos secretários de estado
o gozo primário dos raciocínios do presidente os esgares
aprendi sobre a humanidade de dormir quatro horas ou apenas duas
preso pelos pulsos ser espancado até ao homicídio à exaustão
perguntei-me se dessa morte lenta já terão padecido em número suficiente
olho por olho dente por dente mortos para saciar os profetas do medo
as vozes do apocalise os senhores de todas as guerras
os que hesitaram na resposta à pergunta se seria legítimo
pontapear os testículos do filho de um homem
a quem se quer extorquir uma qualquer informação
será que já são tantos quantos os que arderam nas torres gémeas
tantos quantos os que morrem pelas ruas de Bagdad
tantos quantos os rockets sobre as praias de Israel e de Gaza
será que já chegam será que não
será que serei capaz de me levantar da náusea que me asfixia
lavar-me do nojo
será que serei capaz de descobrir a cara
de remover este véu de vergonha
será que não.
Blue aka Cláudia Santos Silva
(the last but not the least)
in Teatro de Sabbath de Philip Roth
Publicações dom Quixote, Colecção Ficção universal
2000
(curtas de Mickey Sabbath)
in Teatro de Sabbath de Philip Roth
Publicações dom Quixote, Colecção Ficção universal
2000
dilúvio de sentimento genuíno
in Teatro de Sabbath de Philip Roth
2000
(curtas de Mickey Sabbath)
in Teatro de Sabbath de Philip Roth
Publicações dom Quixote, Colecção Ficção universal
2000
A fronteira
in Teatro de Sabbath de Philip Roth
Publicações dom Quixote, Colecção Ficção universal
2000
Dead Girl de Egon Schiele
1910
(curtas de Mickey Sabbath)
in Teatro de Sabbath de Philip Roth
Publicações dom Quixote, Colecção Ficção universal
2000
entretenimento
in Teatro de Sabbath de Philip Roth
Publicações dom Quixote, Colecção Ficção universal
2000
Attempted suicide machine de Makato Aida
2001
(curtas de Mickey Sabbath)
in Teatro de Sabbath de Philip Roth
Publicações dom Quixote, Colecção Ficção universal
2000