ir à escola era assim: chegávamos e descalçávamos as botas enlameadas de neve para calçar pantufas ou sapatilhas. vínhamos engordados com fatos almofadados que não nos deixavam baixar os braços, parecíamos um bando de pinguins coloridos. havia ainda as lancheiras, também coloridas, com termos e sandes de pão branco com manteiga de amendoin. uma vez instalados e livres de toda a armadura contra o frio sentávamo-nos no chão e ouvíamos histórias dos meninos índios, das montanhas e dos rios. era Inverno e eu vivia segura num círculo confortável - os meus pais e a minha irmã; a escola; a minha ama açoreana que eu partilhava com mais 15 ao fim do dia de escola; o Marcelo, os pais dele e as primas, a Sandy e a Stella; a minha casa e a certeza de uma árvore de Natal muito muito colorida sem espaço para mais bolas, a lareira cheia de season greeting cards e o cheiro à comida da minha mãe, ver a minha irmã a pôr batôn e o assobio do meu pai ao chegar a casa. era assim o Inverno frio frio da minha primeira infância.
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