noite, Nazaré 2006
Era setembro
ou outro mês qualquer
propício a pequenas crueldades:
a sombra aperta os seus anéis.
Que queres tu ainda?
O sopro das dunas sobre a boca?
A luz quase despida?
Fazer do corpo todo
um lugar desviado do inverno?
* * *
Não oiças essas vozes que não param
de crescer a caminho do inverno,
os lugares onde o corpo de erro
em erro abdica de ser corpo
são mortais, não oiças essas vozes
onde o sol apodrece, nunca mais.
in O Peso da Sombra de Eugénio de Andrade
Obra de Eugénio de Andrade/16, Ed. Limiar, 1989
bom fim-de-semana...
2 comentários:
adorei o poema.
bom fim-de-semana, coisa boa.
desejar bom fim de semana com um poema de Eugénio é o melhor que se podia ter. obrigada.
Bj
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