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Não se perde a doçura ao largar a meninez, diz-me cada instante no teu olhar.
Apostaste todas as apostas que fiz, e nunca me disseste que perdeste. Chamaste-me mulher quando te declarei as minhas derrotas.
De ti, trago esta sina de falar como se quisera cantar as palavras todas.
Um patriarca entre mulheres, de ti, trazemos a nossa palavra da noite. E eu quero que o mundo saiba desta laçada que me impele a dizer do homem que se atarefou de vida a fazer a vida.
Sei que permaneces comigo ao colo. Digo-te que o meu regaço cresceu no dia em que me disseste “Agora sou órfão.”.
Incorro numa promessa: estarei aqui na vida a fazer a vida, na força em que me alumiaste. Por nós, pelo bem-querer.
A cada vez que vou embora, peço-te em mudez a bênção.
A tua bênção, meu pai.
photo: You'll Be a Fortress and I'll Be Safe Inside Your Massive Walls, 1978
Jan Saudek
5 comentários:
E ele dira' abençoada!
Eu conheço bem essa foto, é tao linda!
oh que coisa linda, o meu pai fazia-me isso a toda a hora (não farão todos?). ainda hoje me fala de como me deitava no seu peito e adormecia. é pena não termos memória de quando somos tão pequeninos - temos de nos contentar com a imaginação a partir das descrições.
brilhante.
alumiante.
comovido com tanta luz.
gosto do termo "benção"! como grande grandão, menino meninão, festa festão, beiji beijão.
[porque os pais oferecem o seu próprio bem em tamanhos gigantes]
como se "bem" não bastasse e tivesse de ser BEMção.
grato ficarei se um dia for digno de também receber uma carta.
lindo, margarete.
um abracinho:)
belo, margarete.
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