A casa acordou.
Estico o corpo para tocar todas as extremidades
do orvalho. Escancarei todas as brechas e fico
a olhar o milhafre que plana à nossa frente –
da minha fronte - da fachada da casa. Na verdade,
suspeito que não durma. Parece ser zelosa nos
olhos – a minha casa. Faz sentido. Que não durma.
Tenho os pés leves.
Aprendi com o gato. Mas não salto. (Nem rastejo.)
Mantenho-me descalça no chão da casa. Alivia-me
senti-lo. Faz sentido que siga para a cozinha. Hoje.
Tenho saudades.
Quero estar mais perto das minhas mulheres.
Planeio uma safra com tachos a tentar ouvir
as minhas mães. Quero usar as mãos, tê-las
a engrossar do vapor. Hoje, ao acordar dentro
da casa, cheirei terra. Faz sentido. É escusado
explicar que oiço o chilrear de passarinhos.
Um galo cantou.
Estico agora o corpo para dentro da feitura -
vou transformar alimentos e sentir-me mais
perto daqui para que pareça fazer sentido.
nostalgie, Claude Lazar
7 comentários:
Que bonito conjunto de imagem e palavras.
Bom dia! ;-)
Bebo sumo de laranja e
conheço-lhe o sabor à priori,
alguém com quem já comuniquei
falava-me lentamente
sobre técnicas lúdicas para
instalar anarquia em alfândegas,
sem roçar a maqueta do decadente mas
fragilizando as compotas da segurança,
à beira chantageada de ser preso e
com o intuito de gravar a performance
para a posteridade do desafio à honradez,
como samaritano numa cruzada
demostrando fraldas com ectoplasma
só porque anseio idiotamemte insultar
a retrete subornada de rubra ruína,
nas sarnas-sardinhas impacto é utopia,
preferem desbastar nos empacotados
e manter-se convictos do retorno a casa.
Sorvi o sumo, esqueci a lentidão e
não ponderei sobre a linguagem,
fiquei comigo a apreciar
as lógicas personificáveis
de cada insanidade proporcionada
pela casca cortada de mais
umas quantas laranjas trituradas:
já que cá estamos porque
não tentar enforcar o ego cego?
Seres o que construíste é proibido,
labores vitalícios contra vastos conhecimentos
e serias expropriado do escrutínio obrigatório,
deves possuir-te de perguntas e
deixá-las expressarem-se no desábito,
irremediável pureza de cada ensejo
vindo das fulcrais situações
com que nos deparamos a toda a noite,
somos possíveis de manipular
criando discussões intemporais de culto,
seria prezado o organismo diletante
que rejeita autorizações de mordomos.
Já de pé, pelo hiperespaço turquesa,
algo me trespassa e vai desaparecendo,
enquanto o vento progrediu como
se fantasmas adiados nos seguissem e
só os quiosques definissem a cultura,
assimilei a trepidação distorcida
e desvalorizada lobotomia de cada cada
em que nos deixámos dormir face à
suposição da aparição misteriosamente
carnal, nadou naquele instante disposta
a partilhar logo seu mistério connosco.
in TREPIDAÇÃO/TREPANAÇÃO 2004
WWW.MOTORATASDEMARTE.BLOGSPOT.COM
belo poema o teu :)
tão inteiro! tão saboroso!
Obrigada, margarete.
Bjs
if you want to see me:
http://freitasemarques.blogspot.com
(lápis amarelo e preto
ao longo dele até à
extremidade em que se
consome.) sublinhado
imaginado no ecran:
faz sentido que siga para a cozinha. [...] Faz sentido. É escusado explicar que ouço o chilrear de passarinhos.
(extremidade afastando-se do ecran: o lápis consumiu-se um pouco mais.)
bons-dias... :)
gostei muito deste poema. beijinho.
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