Comecei a escrever este texto que é apenas uma nota biografico-confessional, que acabou por se alongar, por três razões: o fim-de-semana que está aí; a minha sobrinha Sara; um post da Sara Figueiredo Costa que me levou de volta a Enid Blyton.
Aqui fica :)
O fim-de-semana está aí à porta e o que mais me vem à cabeça é esta imagem: um canto confortável e livros.
Penso no lugar que os livros ocupam na minha vida, lembro-me da Sara e sinto um calorzinho tão bom cá dentro. Por saber que também ela já tem este prazer, por ficar com a certeza de que, não obstante o seu percurso de vida, também ela já sabe onde fica este refúgio – o livro.
A Sara, minha sobrinha de 9 anos, já anda com uma sacola consigo onde traz sempre um livro. Há dias, trazia um da colecção Uma Aventura. Já não fiz parte dessa geração. Fui herdeira de um exemplar de Os Cinco na Ilha do Tesouro e todos os outros que li foram requisitados na "Biblioteca Fixa Calouste Gulbenkian nº1" (o orgulho que tínhamos por dizer que a biblioteca lá da terrinha era a número um da Gulbenkian "fixa"!). Nunca pedi muitos livros aos meus pais porque entendia que não podíamos e percebia que não lhes era fácil dizer-nos "não".
Lá em casa havia: uma enciclopédia canadiana, actualizada até 1981; uma biografia do J.F. Kennedy; A Sibila, nunca soube como e porque foi lá parar; uma colecção de seis livros de Jacques Cousteau, oh, foram tão (tão) folheados. Estes eram os livros da família, os que estavam na estante da sala de estar.
Depois, havia os da minha irmã, lembro-me particularmente de um exemplar de The Catcher in the Rye de J.D. Salinger, mas não consigo evocar outros; já que estamos aqui, também posso confessar que fiquei com inveja por ela ter ficado com a colecção do Cousteau, vá, pronto, já passou.
Adiante, depois havia os meus livros, começando pelos que vieram do Canadá: uma colecção de seis livros da Rua Sésamo; The Please and Thank You Book de Richard Scarry; e os meus livros de leitura da escola, da 1ª e 2ª classe, Magic and Make-Believe, eram ma-ra-vi-lho-sos; não tenho mais porque a minha mãe me pediu para fazer uma selecção de “preferidos” para trazer para cá, pelo que deixei lá muitos livros e brinquedos com amigos.
Cá em Portugal tive: três Anita – Anita na Festa das Flores, Anita na Cozinha e Anita Mamã (amei tanto estes livros); o ABC dos Pintaínhos e o ABC dos Animais; um livro-enciclopédia sobre aves, que também foi muito folheado; um livro cujo título me escapa, com ilustrações muito ao estilo Sarah Kay e que tinha como personagem um menino chamado Estêvão; ah, A Verdade Sobre os Bebés, oferecido por uma das minhas tias paternas, que também me deu A Bíblia Juvenil, passei horas e horas com ambos; mais à frente continuo com outros livros, os que me levaram a começar a escrever esta a que chamo “primeira parte” da minha história com os livros.
Depois, havia os da minha irmã, lembro-me particularmente de um exemplar de The Catcher in the Rye de J.D. Salinger, mas não consigo evocar outros; já que estamos aqui, também posso confessar que fiquei com inveja por ela ter ficado com a colecção do Cousteau, vá, pronto, já passou.
Adiante, depois havia os meus livros, começando pelos que vieram do Canadá: uma colecção de seis livros da Rua Sésamo; The Please and Thank You Book de Richard Scarry; e os meus livros de leitura da escola, da 1ª e 2ª classe, Magic and Make-Believe, eram ma-ra-vi-lho-sos; não tenho mais porque a minha mãe me pediu para fazer uma selecção de “preferidos” para trazer para cá, pelo que deixei lá muitos livros e brinquedos com amigos.
Cá em Portugal tive: três Anita – Anita na Festa das Flores, Anita na Cozinha e Anita Mamã (amei tanto estes livros); o ABC dos Pintaínhos e o ABC dos Animais; um livro-enciclopédia sobre aves, que também foi muito folheado; um livro cujo título me escapa, com ilustrações muito ao estilo Sarah Kay e que tinha como personagem um menino chamado Estêvão; ah, A Verdade Sobre os Bebés, oferecido por uma das minhas tias paternas, que também me deu A Bíblia Juvenil, passei horas e horas com ambos; mais à frente continuo com outros livros, os que me levaram a começar a escrever esta a que chamo “primeira parte” da minha história com os livros.
Lá em casa nunca houve muitos hábitos de leitura (senão de jornais e revistas) nem de nos levar à biblioteca, quando cresci comecei a ir sozinha.
A biblioteca lá da terrinha tinha como funcionários um “par de jarras” e, não, não os considero bibliotecários. Ambos muito sisudos e sem alguma vez ter feito um comentário que fosse, um aconselhamento, nada. Sempre me fez espécie que vissem ali uma miúda que, na mesma leva, requisitasse Os Cinco e os Diários da Virgínia Woolf sem terem com ela uma palavra sobre livros. Enfim, a única explicação a que cheguei, anos mais tarde, é que a número um (fixa!) tinha como funcionários pessoas que não eram, pasme-se, leitores. Não é que os hábitos de leitura sejam um requisito para respirarmos o ar que respiramos, são apenas incongruências que me confundem.
A biblioteca lá da terrinha tinha como funcionários um “par de jarras” e, não, não os considero bibliotecários. Ambos muito sisudos e sem alguma vez ter feito um comentário que fosse, um aconselhamento, nada. Sempre me fez espécie que vissem ali uma miúda que, na mesma leva, requisitasse Os Cinco e os Diários da Virgínia Woolf sem terem com ela uma palavra sobre livros. Enfim, a única explicação a que cheguei, anos mais tarde, é que a número um (fixa!) tinha como funcionários pessoas que não eram, pasme-se, leitores. Não é que os hábitos de leitura sejam um requisito para respirarmos o ar que respiramos, são apenas incongruências que me confundem.
Bom, continuando com os meus livros e indo aos mais lidos e amados:
A Mafalda, foi-me apresentada pela minha querida amiga Cristina, tínhamos dez ou onze anos, ainda hoje acho que somos incapazes de manter uma conversa sem evocar uma tira que seja da Mafalda (ou qualquer outra do Quino). Passámos horas, no quarto dela, de volta daqueles livros.
E eis que surge a necessidade de pedir os livros à minha mãe, e ela não disse “não”, foi-me dando o dinheiro para os comprar, não me lembro bem, mas acho que eram a trezentos e cinquenta escudos cada, um a um, comprei todos. Já crescida, comprei também Toda a Mafalda, é muito gosto num livro só.
Ontem, ao ler o tal post (os scones da vida real nunca foram tão saborosos quanto os que comi-lia com os cinco) da Sara Figueiredo, lembrei-me d’O Colégio das Quatro Torres.
Foram tantas as horas passadas a ler esta colecção. Emociona-me a memória dos momentos passados a ler aqueles livros.
Apaixonei-me pela "ideia" da Cornualha e até as descrições das horas de estudo me eram atractivas, a mim - que detestava fazer trabalhos de casa.
A ambiência da leitura não era idílica, afinal de contas, li a maior parte dos livros na pastelaria dos meus pais, sentada a uma das mesas destinadas aos clientes da tarde que, no Verão, eram escassos. Tratava-se de um estabelecimento que sobrevivia à custa do calendário escolar (pela proximidade do Liceu) e dos bolos de aniversário, casamentos, etc., aos fins-de-semana, e não dos clientes das tardes de Verão duma vila desertificada. Era eu e os livros e os bolos. Nunca tive muita força contra apetites e ler Enid Blyton sem comer era como que anti-natura, com a condicionante de que estava numa pastelaria.
Não me lembro quem me terá oferecido o primeiro livro da colecção Quatro Torres, talvez tu, Cristina, ou as gémeas, ou o Fred (?), não sei, mas não me pude ficar por ali e pedi mais à minha mãe, e ela lá me foi dando o dinheiro e eu ia à livraria. Completei a colecção.
Emprestei o número um à Ana Zé, a minha sobrinha agora com 20 anos (sim, oh, meu deus, vinte – anos) mas ela nunca se adiantou muito sobre o assunto e eu fiquei-me por ali, para não correr o risco de ouvir "não gostei". Devolveu-me a alegria quando me disse que amou o seu primeiro livro de poesia, que lhe ofereci, da Sophia.
Agora, sinto receio de os oferecer à Sara, será que vai gostar? Imagino tudo isso que me possam responder, mas o que fica é este desejo muito forte de que ela receba deles tanto quanto eu recebi.
A Sara fez anos a semana passada e ofereci-lhe o que me pediu: uma roupa às flores. Ainda bem que não me lembrei desta colecção antes, hei-de dar-lhe o número um num dia qualquer, sem pompa (pelo meu lado de fora, pois) para tentar diminuir a importância que tem para mim.
É verdade que já passei por isto com a Ana Zé, mas primeiras vezes são sempre primeiras vezes.
Ficarei à espera da sua reacção, em pulgas.
É isto, e não me passaria pela cabeça que ser tia fosse algo mais da razão.
2 comentários:
Podes cá vir consultar os "Costeau" sempre que quiseres...hehe afinal deverias ter para aí uns 5/6 anitos quando o pai os comprou (mas não completaram a colecção).
Quanto à biblioteca agora sim têm bibliotecárias formadas para tal..o serviço é muito bom.
Cá ficamos a aguardar o livro das aventuras..bj
mana
:)***
os Cousteau são para as meninas folhearem e se maravilharem
vou mesmo comprar o "colégio das 4 torres" para ela... ai'ca nervos! :D
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