sandra aka margarete ~ acknowledgeyourself@gmail.com

[ rascunho do que gostaria de (d)escrever ]

Sei que, por estes dias, ainda me falta ler Camões com atenção. Sei disso. Ando sempre de volta do saber. Ando sempre de volta das secreções. (É tão natural quanto eu e os cadáveres. Natural.) As minhas (secreções) são tácitas, existem mas não as vejo, não lhes sinto a mucosidade. As outras existem, vejo-as, sinto-as, pego-lhes com a mão direita, assim. Para que seja pontual, restam-me 13 minutos. Resta-me pouco tempo pelo que repito “um pouco de calma, alguma poesia”. Já sei qual é a minha missão para evitar desistir já. Não é fácil, e eu que sempre gostei do fácil... E eu que nunca fiz apanágio de me mostrar mestre de dificuldades... Para que fui inventar esta vida? Ando de roda das tabelas com nomes que transformei em números para ciência. Confundo tudo. Prevejo o mal da minha essência e atiro-me nos braços dos que me aturam. Deixo-me pensar o pior de mim e não sei aceitar.

Não deveríamos fazer isto uns aos outros. Depois, num instante tão rápido quanto um instante consegue ser, percebo tudo de novo. São cansativos estes abandonos, cada vez mais se torna delicado o retorno. Sinto as pálpebras vermelhas vivas. Sei o cabelo parco. As peles estão próximas das de uma mulher de avental preto e avantajado. Lembro a alegoria da peixeira e retorno. Se eu fora peixeira, desesperaria com a mesma intensidade à insatisfação que congemino dos meus clientes e colocaria em causa as motivações para me distinguirem * como sua fornecedora. É certo. Olha, estão aqui, assentes no chão, os meus pés. E a minha mão direita, com que limpo secreções. Ainda me restam 5 minutos. Declaro este texto “rascunho do que gostaria de (d)escrever”. Dedico-o ao c, à Truta e à Marta. Restam agora 4 minutos, já piquei o dedo.

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