sandra aka margarete ~ acknowledgeyourself@gmail.com

[ Quase todos os dias posso morrer. ] [ (ficar) (aguardar) ]

Quase todos os dias posso morrer.
Não tenho chagas na boca
e provavelmente uma anciã
lavar-me-ia os beiços com água e pimenta.

Digo da morte identidades
que ignoro na pele

devaneio a minha mortalha
ofuscada
pelas outras, esses leitos anunciados,
macilentos que percorro
a sugar dias e horas e anos

tenho posse de anos e horas e dias
sugada em mim.


Não padeço de desprezo
engulo e regurgito
miragens, eis:

De covis sortidos chegam
perfumes azedos da angústia.
Berros em largada de cólera - Quantas vezes
(quantas vezes?)
tiveram de fugir com filhos a braços?

Retorço
internamente enxovalhada
respondo:
Ficar a aguardar conciliação nas mãos alheias?

(provavelmente uma anciã
lavar-me-ia os beiços com água e pimenta)
.


4 comentários:

Anónimo disse...

muito muito dentro da carne.

Anónimo disse...

estamos demasiado cá fora para recolher as mãos das feridas...

Anónimo disse...

Estou gostando (assim mesmo, no gerúndio...) deste blogue...
Salvé.

Anónimo disse...

fico arrepiada, margarete.