Quase todos os dias posso morrer.
Não tenho chagas na boca
e provavelmente uma anciã
lavar-me-ia os beiços com água e pimenta.
Digo da morte identidades
que ignoro na pele
devaneio a minha mortalha
ofuscada
pelas outras, esses leitos anunciados,
macilentos que percorro
a sugar dias e horas e anos
tenho posse de anos e horas e dias
sugada em mim.
Não padeço de desprezo
engulo e regurgito
miragens, eis:
De covis sortidos chegam
perfumes azedos da angústia.
Berros em largada de cólera - Quantas vezes
(quantas vezes?)
tiveram de fugir com filhos a braços?
Retorço
internamente enxovalhada
respondo:
Ficar a aguardar conciliação nas mãos alheias?
(provavelmente uma anciã
lavar-me-ia os beiços com água e pimenta).
4 comentários:
muito muito dentro da carne.
estamos demasiado cá fora para recolher as mãos das feridas...
Estou gostando (assim mesmo, no gerúndio...) deste blogue...
Salvé.
fico arrepiada, margarete.
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