Estava tudo turvo. Quando pus um pé no chão, caí. Tropecei no meu cabelo, demorei ainda algum tempo a desembaraçar-me do emaranhado pernas-cabelo. Seria complicado levantar-me para percorrer os 2 m até à casa de banho, gatinhei. Trepei a sanita, descansei. Foi um acordar difícil. Sentada, respirei fundo e retomei o amanhecer.
Na verdade, não é complicado se nos concentrarmos, retomar para corrigir. Remediar. Como sempre, havia gente à minha espera, reagi. Agarrei as pernas com força, os dedos ficaram vincados. A pele estranhamente grossa, espessa, as minhas pernas. Coiro. Palpei os braços, flácidos. Não me olhei ao espelho, evidentemente. Exercitei os braços, não para a flacidez mas para esta danada dor que grela nos ombros. Continuei, sem querer aperceber-me dos meus pensamentos. Continuei automática a toda a força. Já sabia que não resultaria. Não dei pelas restantes tarefas: xixi, duche, lavar dentes, cremes, cabelo (como não dei por essa tarefa tão infrutífera?!), escolher roupa, vestir roupa, cereais, gato, comida do gato, água do gato, arrumar a pasta, escolher cd’s, dizer-vos “bom-dia” e “até logo”, e mais algumas palavras, gestos, beijos. Não estavam, bem sei.
O que não sabem é que vos desejo os bons-dias, todos os dias, antes de dar as 3 voltas à chave da porta da nossa casa. Todos os dias vos imagino a sorrir-me lá de dentro quando vou embora com o meu corpo. E eu a sorrir.
Todos os dias vou embora porque pus gente à minha espera neste imbróglio que é a minha lida.
Afinal, hoje não há gente à espera. Vou embora. Hoje vou buscar-vos.
Na verdade, não é complicado se nos concentrarmos, retomar para corrigir. Remediar. Como sempre, havia gente à minha espera, reagi. Agarrei as pernas com força, os dedos ficaram vincados. A pele estranhamente grossa, espessa, as minhas pernas. Coiro. Palpei os braços, flácidos. Não me olhei ao espelho, evidentemente. Exercitei os braços, não para a flacidez mas para esta danada dor que grela nos ombros. Continuei, sem querer aperceber-me dos meus pensamentos. Continuei automática a toda a força. Já sabia que não resultaria. Não dei pelas restantes tarefas: xixi, duche, lavar dentes, cremes, cabelo (como não dei por essa tarefa tão infrutífera?!), escolher roupa, vestir roupa, cereais, gato, comida do gato, água do gato, arrumar a pasta, escolher cd’s, dizer-vos “bom-dia” e “até logo”, e mais algumas palavras, gestos, beijos. Não estavam, bem sei.
O que não sabem é que vos desejo os bons-dias, todos os dias, antes de dar as 3 voltas à chave da porta da nossa casa. Todos os dias vos imagino a sorrir-me lá de dentro quando vou embora com o meu corpo. E eu a sorrir.
Todos os dias vou embora porque pus gente à minha espera neste imbróglio que é a minha lida.
Afinal, hoje não há gente à espera. Vou embora. Hoje vou buscar-vos.
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