Working Girl, Cindy Sherman
a 13 de Maio... come a carne do Senhor e bebe o seu sangue para sempre. the middle class style of life working girl realises it's saturday. there's much to do. so she reads for a while
A lei da vida: instabilidade. Para cada pensamento um contrapensamento, para cada anseio um contra-anseio. Não admira que um tipo dê em maluco e morra ou decida desaparecer. Anseios a mais, e isso não é sequer um décimo da história. (…) o cérebro de mais ninguém trabalha assim? Não acredito. Isto é um envelhecimento puro e simples, a hilaridade autodestruidora da última montanha-russa. Sabbath encontra o seu igual: a vida. O fantoche és tu. O truão grotesco és tu. Tu és Punch, artolas, o fantoche que brinca com tabus!
(…)
Estranho. A única coisa em que pensas é que ela morreu. Isso até se aplica aos mortos. Eu aqui em cima, na claridade e no quente e, quilhado como estou, com cinco sentidos, um cérebro e oito tipos de compotas – e os mortos mortos. A realidade imediata está do lado de fora daquela janela; é tão grande, é tanta, tudo enredado em tudo o mais… que grande pensamento se esforça Sabbath por exprimir? Está a perguntar: «Que aconteceu à minha própria vida genuína?» Estaria a ser vivida noutro lugar? Mas nesse caso como é possível olhar para fora desta janela seja tão colossalmente real? Bem, essa é a diferença entre o verdadeiro e o real. Nós não chegamos a viver na verdade. Foi por isso que Nikki fugiu. Era uma idealista, uma comovedora, inocente e talentosa ilusionista que queria viver na verdade. Bem, se a encontraste, miúda, foste a primeira. De acordo com a minha experiência, o sentido da vida vai na direcção da incoerência – precisamente o que nunca quiseste enfrentar. Talvez essa tenha sido a única coisa coerente que te ocorreu fazer: morrer para recusares a incoerência.
(…)
Não, a vida humana não pode ser extinta. Ninguém seria capaz de inventar nada parecido, outra vez.
(…)
A incapacidade de morrer. Ir ficando, em vez disso. Este pensamento excitou intensamente Sabbath: a perversa insensatez de permanecer, de não ir.
(…)
Porra, acontecia sempre alguma coisa para levar as pessoas a continuarem a viver!
(…)
Eram inumeráveis todos os grandes pensamentos que não entendera; o que ele não tinha para dizer acerca do significado da sua vida era um poço sem fundo. E uma coisa divertida é supérflua – o suicídio é divertido. Não são muitos os que têm consciência disso. Não é instigado pelo desespero ou pela vingança, não nasce da loucura, ou da amargura, ou da humilhação, não é um homicídio camuflado ou uma demonstração grandiosa de auto-abominação: é o retoque final da anedota em voga. Ele considerar-se-ia um falhado ainda maior se se apagasse de qualquer outro modo. Para alguém que adora uma piada, o suicídio é indispensável. Para um fantocheiro, especialmente, não há nada mais natural; desaparecer atrás do biombo, enfiar a mão e, em vez de actuar como ele próprio, acabar como o fantoche. Pensem nisso. Não há nenhuma outra maneira mais absolutamente divertida de partir. Um homem que quer morrer. Um ser vivo que escolhe a morte. Isso é entretenimento.
(…)
E não era capaz de o fazer. Não podia morrer, porra. Como podia partir? Como podia ir-se embora? Tudo quanto odiava estava ali.
in Teatro de Sabbath, Philip Roth
then she gets up on her knees, pours herself a cup of coffee and lights a cigarette. she talks to the cat. they rewind their minds and make a kind of balance of the last weeks. she monolougues about writting. no papel gatafunho borboletas como modelos impessoais de destroços. he whispers (but we can't tell you what's that whisper). she laughs. then she just smiles. and remembers half-life and recalls the ta! ta! ta ta ... taaaa taa ta's. she thinks she'd like that kind of job too. suddenly the smile goes away 'cause she's not a fairy so she's unable to grab all the tears, even the ones which haven't been cried out. o'well, muda-se de código. coincidências, Ana_is, se a memória não me falha (a dama poderá ajudar-me a lembrar), foi no dia do café das 5, ;)... um escritinho sobre as férias de Verão : pequenina, férias de verão, à tarde, os meninos estão todos ausentes da vila (foram para a praia com as suas famílias), a biblioteca calouste gulbenkian nº 1 está fechada, em casa há poucos livros, lidos e relidos, a televisão não existe porque sepulta com 2 canais a preto e branco, o calor encerra dentro de casa, o sonho com um futuro que sabe ser longínquo. verão à tarde, só, nada simpático para fazer, o sufoco. e esse também passa. como também passa um orgasmo. e depois? morremos. claro. esse healing é das coisas mais serenas e reconciliadas que li nos últimos tempos. releio o que sublinhei e reli e li. releio o que escrevi e reescrevi e apago. penso: efemeridade. são tão maçadoras as lengalengas. dá-se mais uma voltinha, que é para o menino e para a menina! bom dia, oremos,
:)
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