não são os amantes com mãos mínimas que falecem, são os amantes sem boca. o corpo de boca vazia é mutilação, é corpo restos de corpo. pelo alvorecer ouve-se choros nublados que lamentam os restos de corpos que não chegam a ter tempo de se saber beijar [ no escuro ]. o beijo no escuro é o da confiança nos dentes da boca com quem se troca. ]silêncio saliva bocas boca afecto[ das bocas múltiplos são os beijos de múltiplas funções. os beijos que desbaratam o mundo... os beijos das bocas arrepiadas de vida... múltiplos!
história
era uma vez um beijo que foi no escuro e mordeu. beijo que se vestiu com máscara anti-judas. amordaçou a língua. o beijo soube o que fazia pois apossara-se da confiança no escuro antes de ser claro. o beijo apertou um adeus. a outra boca apertava olhos a sorrir muitos gostarzinhos. das bocas unidas fez-se a espuma *. o beijo, que soube ao que ia, levou consigo a satisfação de saber que era parco. a boca abriu fendas que amargaram. esse beijo foi um resto de corpo.
o beijo é tão efémera tatuagem **.
* in Soneto da separação, Vinicius de Moraes
** in A Cobrição das Filhas, Valter Hugo Mãe
saudações bowianas!
the man who sold the world, David Bowie
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