Não vejas o quanto cambiaste porque a solidão toda acompanha a soma das sombras. Dialoga, mas não percas de vista os monólogos. Uma espécie de voz humana que varia consoante o código que atravessas.
Homenagem
Altearei uma homenagem - a decisão. Será de barro nas minhas mãos. Molde do registo das oportunidades vivas com muito sono. Quando os meus braços tremerem gemidos, deito-lhe o meu olhar que servirá de fluído. É assim que amolecerei o tributo.
Não me parece justo deixar radicalmente narrado o objecto da homenagem. Não abalaria as nossas confianças, mas os ignorantes poderiam ficar confusos sem saber encontrar o significado da existência na solidão toda.
A solidão toda não falece e o medo tem as porções de bênção com a ressurreição.
Não busco tresmalhadas sentenças e promessas nas cantigas – como nos actos ordinários, mas tenho o impulso de as pintar – escritas - nas paredes da terra estival.
Respiro boca-a-boca a solidão toda sem medo de afiançá-la ao primeiro que ouse pedir contas.
Quando abeirares esta mensagem, ignoro, mas suspeito, acontecerá na tua solidão toda. Da homenagem, sabes, podes saber que a quietação teve lugar à medida que me afeiçoei à argila. E eu, digo do que gosto. Na solidão toda, o poder da minha morte, tanto céu e o reconhecimento após as nossas confianças. Gosto disto.
foto de Sandra Ferrás
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