Fervor (Couple at Intersection), Shirin Neshat
há qualquer coisa que eu tenho de guardar. como se se tratasse duma vigia. guardar memórias de outros jogos no meio do pó. como uma lenga-lenga, pelo caminho, cantando e espantando... eu vou brincando na serra, enquanto o lobo não vem... ou... olh’à triste viuvinha qu’anda na rod’à chorare. esquecer que sou uma menina grande que não põe um batôn vermelho. gosto de ter um batôn vermelho. tenho um um batôn vermelho. continuo o caminho de pó. vejo o preto dos sapatos desvanecer. não são de verniz. reneguei o verniz sobre mim. a meio da planície, confesso, a vontade de ter uma montanha rochosa para subir, lá em baixo, uma pedra onde sentar. ir lá, de novo, à metamorfose. lamentar o desencontro a meio-caminho. a possibilidade eminente, tornada realidade. nos nossos lugares, afastados um do outro. olhámos o mapa. dois ou mais meio-caminhos. diferentes. paralelos, por assim dizer. não deixa de ser bonito. os lugares teus e os lugares meus. parar. a decisão em consciência. um lugar neutro. cruzar. descruzar. agora, só vejo espirais. não são de pó. não, não são evidentes furacões. vulcões em erupção extinguiram. é uma. espiral. e é bonita.
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