não sei o que é pátria
bairrismo
uma bandeira
dos hinos (já os oiço), só me conforto com:
my home and native land
gosto de jogos
não gosto de perder
não gosto de jogos
gosto de ganhar
quando ninguém tem de perder (não sou solidária)
não perdemos, nunca
possuímos
não tenho uma bandeira
como o principezinho, não sei uma fronteira
na holanda aprendi tanto de importante para um ordenado
na holanda conheci tracey emin e kees
em portugal oiço o fado e amo a língua
uma stout na mão e o tabaco ao lado
queria ver deco e postiga a marcar
é certeza zangada não ver baía à baliza
ganhemos percamos
a noite, será igualmente escura
acredita lua
vai começar...
sandra aka margarete ~ acknowledgeyourself@gmail.com
a culpa, não é do bilinguismo
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the lost memory
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the aknowledgement
lost
nos antípodas
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the lost memory
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the aknowledgement
lost
nos antípodas
(a tótó, cujo nome nem vale a pena pronunciar não tem razão)há coincidências!
procurava "toillet" do Orozco e encontrei isto,
ia caindo da cadeira 'causa de uma gargalhada,
porque isto foi o meu serão de ontem, a companhia do manjerico
e muita melancia... porque é verão! :D
GABRIEL OROZCO Cats and Watermelons 1992
ia caindo da cadeira 'causa de uma gargalhada,
porque isto foi o meu serão de ontem, a companhia do manjerico
e muita melancia... porque é verão! :D
GABRIEL OROZCO Cats and Watermelons 1992
fábula talvez de um homem
havia chegado a casa cansado como chegam a casa todos os homens, agora percebi que também as mulheres chegavam a casa cansadas. Cheguei a casa e dei um beijo ao gato, cozi-lhe o peixe que trouxera do mercado e ele agradeceu-me num roçar as minhas pernas. Fiz chá de jasmim que deitei no thermos e avisei o gato que estaria no banco de pedra do jardim lá da nossa rua, no caso de alguma eventualidade, aviso sempre o gato onde estou onde vou. Sai de casa sem me lembrar de tirar as meias de molho, fico sempre com as meias estragadas por causa disso, estou convencido de que não sei lavar meias. Mas isso não interessa agora. Não interessa porque percebi a metamorfose. Quando chegava ao banco, avisto uma borboleta. Parei. Não gostava de borboletas. Achava-as pretensiosas na sua graciosidade e que tinham beleza roubada a outros animais. Não gostava de borboletas porque entendia que tinham o mundo ganho à partida, pelo seu aspecto exterior. Eu que me via um homem gordo de transpiração catinguenta e sandálias com meias brancas (estragadas pela lavagem, encardidas). Sou sincero, detestava as borboletas e tudo o que elas representavam, especialmente aquilo a que sempre denominei pseudo-fragilidade. Abomináveis seres que relegavam a existência dos ácaros e dos carapaus para segundo plano. Pois, quando cheguei ao meu banco de pedra, lá estava a borboleta. Dirigiu-se-me, iniciou a comunicação (...) (...) (...) afinal, era um animal qualquer que se aproximava de mim. Apresentava a fragilidade de quem quer
Sendo eu um homem de poucas e dificeis palavras, engasguei, gaguejei. Pum, outra vez, gago, nem as estratégias que aprendera nas sessões resultavam nas situações de embaraço. E uma borboleta fascinada por um gordo catinguento de meias brancas, é, indubtitavelmente, uma situação de embaraço – gaguez.
Sendo eu um homem de poucas e dificeis palavras, engasguei, gaguejei. Pum, outra vez, gago, nem as estratégias que aprendera nas sessões resultavam nas situações de embaraço. E uma borboleta fascinada por um gordo catinguento de meias brancas, é, indubtitavelmente, uma situação de embaraço – gaguez.
enfim, um AVISO/ESCLARECIMENTO...
após algumas reclamações de pessoas que não conseguem deixar comentários
se não forem registadas no Blogger, podem fazê-lo através da opção "post anonymously", identificando-se no próprio comentário... : /
ainda aguardo resposta do Senhor Blogger para saber como é que poderão fazê-lo indentificados, aguardem mais um pouquito, sim? 'brigada pela atenção : )
ah!
É VERÃO! Cheira bem! : )
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ainda aguardo resposta do Senhor Blogger para saber como é que poderão fazê-lo indentificados, aguardem mais um pouquito, sim? 'brigada pela atenção : )
ah!
É VERÃO! Cheira bem! : )
A day and a day
"Dois ou três cancros de que
vais sabendo «há pouco a fazer»,
o amigo maior de um amigo
brutalmente esmagado debaixo
de um camião. Não, não está a ser
propriamente um Inverno de contentamento.
O corpo já quase não responde
a tanta tristeza. E a casa, devagar,
fecha-se para dentro, implode. Parece
um coração, uma metáfora que te deixa
nos ombros um irrepetível cheiro a merda
e a sombra de um gato que vai morrer.
(«É a vida», deve pensar sem cérebro
- mais feliz - o teu companheiro
de jantar. Já lhe chamaste silêncio,
mas ninguém se chama assim,
ferindo o preto e branco da memória.
Assoa-se, pelo contrário, ao guardanapo
sujo de tinto da casa e acena-te com caspa
da sua vaga imortalidade. Na outra mesa, dois
corpos sussurram o inevitável calão do amor,
Muita gente, afinal, cabe neste mundo.
Da porta do bar saem depois alguns
engates e avós calcinadas
à terceira caipirinha. Um preto de óculos
que bebeu de mais acaba espancado
no passeio, sob o fervor policial do costume.
Custa ver - a vida, outro bar vazio,
sem quadros, onde beijas a ausência,
tudo o que perdidamente desamas
e não vale a pena e se dissipa sem pressa
no copo de cicuta cuja razão desconheces.)
É possível que Joachim Bernhard Hagen
tenha sido um exímio tocador do instrumento
que às vezes preferes. É um modo de acordar,
no fundo, e de perceber na pele a inutilidade
da manhã, os gestos que não serão ainda
esse amplo terreno de morte
- que depois
circunscreves a um poema
e não voltas a dormir. Odeio-te."
Manuel de Freitas
vais sabendo «há pouco a fazer»,
o amigo maior de um amigo
brutalmente esmagado debaixo
de um camião. Não, não está a ser
propriamente um Inverno de contentamento.
O corpo já quase não responde
a tanta tristeza. E a casa, devagar,
fecha-se para dentro, implode. Parece
um coração, uma metáfora que te deixa
nos ombros um irrepetível cheiro a merda
e a sombra de um gato que vai morrer.
(«É a vida», deve pensar sem cérebro
- mais feliz - o teu companheiro
de jantar. Já lhe chamaste silêncio,
mas ninguém se chama assim,
ferindo o preto e branco da memória.
Assoa-se, pelo contrário, ao guardanapo
sujo de tinto da casa e acena-te com caspa
da sua vaga imortalidade. Na outra mesa, dois
corpos sussurram o inevitável calão do amor,
Muita gente, afinal, cabe neste mundo.
Da porta do bar saem depois alguns
engates e avós calcinadas
à terceira caipirinha. Um preto de óculos
que bebeu de mais acaba espancado
no passeio, sob o fervor policial do costume.
Custa ver - a vida, outro bar vazio,
sem quadros, onde beijas a ausência,
tudo o que perdidamente desamas
e não vale a pena e se dissipa sem pressa
no copo de cicuta cuja razão desconheces.)
É possível que Joachim Bernhard Hagen
tenha sido um exímio tocador do instrumento
que às vezes preferes. É um modo de acordar,
no fundo, e de perceber na pele a inutilidade
da manhã, os gestos que não serão ainda
esse amplo terreno de morte
- que depois
circunscreves a um poema
e não voltas a dormir. Odeio-te."
Manuel de Freitas
Minuto
"O amor? Seria o fruto
trincado até mais não ser?
(Mas para lá do prazer
a Vida estava de luto...)
Fui plantar o coração
no infinito: uma flor...
(Mas para lá do fervor
a Vida gritou que não!)
O amor? Nem flor nem fruto.
(Tudo quanto em nós vibrara
parecia pronto a ceder...)
Foi apenas um minuto:
a fome intensa, tão rara!,
de ser criança, ou morrer..."
David Mourão-Ferreira
trincado até mais não ser?
(Mas para lá do prazer
a Vida estava de luto...)
Fui plantar o coração
no infinito: uma flor...
(Mas para lá do fervor
a Vida gritou que não!)
O amor? Nem flor nem fruto.
(Tudo quanto em nós vibrara
parecia pronto a ceder...)
Foi apenas um minuto:
a fome intensa, tão rara!,
de ser criança, ou morrer..."
David Mourão-Ferreira
José Mário Branco
Inquietação
A contas com o bem que tu me fazes
A contas com o mal por que passei
Com tantas guerras que travei
Já não sei fazer as pazes
São flores aos milhões entre ruínas
Meu peito feito campo de batalha
Cada alvorada que me ensinas
Oiro em pó que o vento espalha
Cá dentro inquietação, inquietação
É só inquietação, inquietação
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda
Há sempre qualquer coisa que está pra acontecer
Qualquer coisa que eu devia perceber
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda
Ensinas-me fazer tantas perguntas
Na volta das respostas que eu trazia
Quantas promessas eu faria
Se as cumprisse todas juntas
Não largues esta mão no torvelinho
Pois falta sempre pouco para chegar
Eu não meti o barco ao mar
Pra ficar pelo caminho
Cá dentro inqueitação, inquietação
É só inquietação, inquietação
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda
Há sempre qualquer coisa que está pra acontecer
Qualquer coisa que eu devia perceber
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda
Cá dentro inquietação, inquietação
É só inquietação, inquietação
Porquê, não sei
Mas sei
É que não sei ainda
Há sempre qualquer coisa que eu tenho que fazer
Qualquer coisa que eu devia resolver
Porquê, não sei
Mas sei
Que essa coisa é que é linda
e, depois... FMI...
Tracey Emin, da sua exposição Ten Years
hoje volto aqui
""
"The irresponsive silence of the land,
The irresponsive sounding of the sea,
Speak both one message of one sense to me:-
Aloof, aloof, we stand aloof, so stand
Thou too aloof bound with the flawless hand
Of inner solitude; we bind not thee;
But who from thy self-chain shall set thee free?
What heart shall touch the heart? what hand thy hand?-
And I am sometimes proud and sometimes meek.
And sometimes I remember days of old
When fellowship seemed not so far to seek
And all the world and I seemed much less clod,
And the rainbow's foot lay surely gold,
And hope felt strong and life itself not weak."
Christina Rosseti
""
"The irresponsive silence of the land,
The irresponsive sounding of the sea,
Speak both one message of one sense to me:-
Aloof, aloof, we stand aloof, so stand
Thou too aloof bound with the flawless hand
Of inner solitude; we bind not thee;
But who from thy self-chain shall set thee free?
What heart shall touch the heart? what hand thy hand?-
And I am sometimes proud and sometimes meek.
And sometimes I remember days of old
When fellowship seemed not so far to seek
And all the world and I seemed much less clod,
And the rainbow's foot lay surely gold,
And hope felt strong and life itself not weak."
Christina Rosseti
acknowledge yourself
I had this feeling
this was what life's about
I'd just have to acknowledge myself leitora)
this was what life's about
I'd just have to acknowledge myself leitora)
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