(a treinadora exigente e competente)
Se acaso eu tiver de preencher algum questionário com item acerca dos dados profissionais, na secção específica “Profissão” preencho “treinadora”.
Sou treinadora, não sei dizer da minha vocação.
Recebo 4 a 10 clientes por dia dependendo do tempo que planeio dispor a treinar cada um. O tempo de treino vai desde os 15 minutos às 2 horas (caso de algumas excepções) sendo o tempo médio de 45 minutos. É tudo muito intenso e por vezes intensivo. Luto com a desordem dos meus clientes.
Aquando do nosso primeiro encontro, trazem, sempre e invariavelmente, expectativas elevadíssimas acerca do meu engenho. Desgraçados. Um arremesso meu e: chão. Uma pancada seca e o som de um corpo, antes expectante, agora no chão. Corpo arrasado. O treino começa e não permito desistências.
Jamais constará da minha ficha uma desistência. Jamais! (exclamado em Língua Francesa)
Sou dura. Como em tudo o resto, sou muito dura.
Os clientes julgam elogiar-me, radiosos com o sucesso das suas alterações de comportamento devido à acção do tirocínio a que os sujeito. Julgam elogiar-me, dizem “Se não fosse tão exigente, eu nunca teria conseguido isto e aquilo.”. Radiosos. E eu, um animal exigente e arrefecido. Uma asna.
Altero condutas. Avalio meticulosamente. Meço quase tudo e faço inferências atrevidas. INTERVENHO. Sem gritos, pois a dureza é antagónica dos gritos. Faço tudo com parlapié. Não levanto um dedo.
Mais informo que, para além de exímia treinadora de clientes leigos, sou treinadora de treinadores. Pratico, portanto, o metatreino.
Na minha prática de metatreino, recebo elogios dos meus radiosos treinandos e prezados futuros-colegas. Julgam elogiar-me, dizem “Se não fosse tão exigente, eu nunca teria conseguido isto e aquilo.”. Radiosos e jovens. E eu, um animal exigente e arrefecido. Uma asna só.
Se acaso eu tiver de preencher algum questionário com item acerca dos dados profissionais, na secção específica “Profissão” preencho “treinadora”.
Sou treinadora, não sei dizer da minha vocação.
Recebo 4 a 10 clientes por dia dependendo do tempo que planeio dispor a treinar cada um. O tempo de treino vai desde os 15 minutos às 2 horas (caso de algumas excepções) sendo o tempo médio de 45 minutos. É tudo muito intenso e por vezes intensivo. Luto com a desordem dos meus clientes.
Aquando do nosso primeiro encontro, trazem, sempre e invariavelmente, expectativas elevadíssimas acerca do meu engenho. Desgraçados. Um arremesso meu e: chão. Uma pancada seca e o som de um corpo, antes expectante, agora no chão. Corpo arrasado. O treino começa e não permito desistências.
Jamais constará da minha ficha uma desistência. Jamais! (exclamado em Língua Francesa)
Sou dura. Como em tudo o resto, sou muito dura.
Os clientes julgam elogiar-me, radiosos com o sucesso das suas alterações de comportamento devido à acção do tirocínio a que os sujeito. Julgam elogiar-me, dizem “Se não fosse tão exigente, eu nunca teria conseguido isto e aquilo.”. Radiosos. E eu, um animal exigente e arrefecido. Uma asna.
Altero condutas. Avalio meticulosamente. Meço quase tudo e faço inferências atrevidas. INTERVENHO. Sem gritos, pois a dureza é antagónica dos gritos. Faço tudo com parlapié. Não levanto um dedo.
Mais informo que, para além de exímia treinadora de clientes leigos, sou treinadora de treinadores. Pratico, portanto, o metatreino.
Na minha prática de metatreino, recebo elogios dos meus radiosos treinandos e prezados futuros-colegas. Julgam elogiar-me, dizem “Se não fosse tão exigente, eu nunca teria conseguido isto e aquilo.”. Radiosos e jovens. E eu, um animal exigente e arrefecido. Uma asna só.
*Eagles, Hotel California
9 comentários:
Sim,uma ansa só,se é que tu dizes...Mas,me diz,tu és psicanalista?
gosto de ti. porra.
:D
sou treinadora, Kamila
:D
esta bom.
Pois treinadora,gostei muito do texto.Me senti até uma cachorrinha sem treinador!
Post à parte porque, como sabes, percebo-te nisso muito bem. Quanto ao musicól: há pouco tempo fui ouver esses senhores dizerem essa e outras ao vivo e num te lá vi!
sabe sempre bem saber - dizê-lo em voz alta - que se é compreendido e há quem artilhe da mesma condição de se ser um asno só :D
eu sei que fosteS, num se fala mais nisso, prontoS :(
"artilhe" :D = partilhe
adoro, como sabes, estes lapsus linguae (teclae, caso frequente com estes notebook minímos)
O engenho vem com a prática, com o treino, com a maturidade. N'est-ce pas?
Em vez de "arrasar", preferia ouvir (ler) "conduzir".
E quando o cliente é mais inteligente que o treinador... aí o desafio será mais interessante, não?
A carroça a puxar o asno.
Um desgraçado
Já agora, eu, também, gostaria mais de ouvir (ler) "firmeza", em vez de "dureza".
Eu sei que ter tanto poder deve dar muito prazer a alguns, mas não será mais adequado sentir que se trata, antes, de "ascendência".
Ascendência (e não o PODER) perante quem se vulnerabiliza para se deixar ser ajudado.
Não esquecer, nunca, que "os clientes" são feitos de material humano. Mesmo fora das portas dos consultórios.
;)
Assinado, mais um desgraçado.
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