it's a motherfucker, pensou. - it's really a motherfucker, reforçou para si com um movimento da cabeça. não foi um abanão violento. não foi um ligeiro aceno de cabeça como quem cumprimenta alguém do outro lado da rua. foi um abanão de cabeça como quem desiste dos movimentos seguintes. não conseguia ficar de cócoras. apertou-se contra o colchão e fez uma libertação de ar que não foi sopro nem suspiro. ficou-se, ali, sem ser inanimada. sentiu o peito contra o ar da divisão. estava aberto, sim, o seu peito estava aberto. uma mama para cada lado, e o peito aberto, sem esterno. as pernas embaraçadas e os braços cuidadosamente afastados do corpo. para não tocar os fluídos que derretiam para fora, pelo peito. aberto. teimosas em deixar acabada cada história, as mãos puxaram os braços que não foram mais fortes. as mãos aproximaram-se tímidas do peito. empurraram, de fora, cada mama. esse movimento obrigou a que as bordas da fístula se aproximassem para encerrar. eram mãos trabalhadeiras, não se importavam que as histórias começassem mal, mas insistiam para que progredissem na conclusão. um peito aberto é uma história mal desenvolvida.
Mattatoio, Senigallia, Mario Giacomelli
1960
fitter happier, Radiohead
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