os pequenos deuses que são os teus gestos pelo nosso espaço, utilizo-os quando és tu que vais ao mundo e fico eu. falo com a casa nos instantes em que andas aí por fora. a banca da cozinha conta-me dos teus gestos na preparação da comida para as nossas bocas. a casa de banho reflecte nos azulejos a memória dos dias em que acordamos a tempo, sou eu sentada na beira da banheira enquanto tu me fazes a trança. o sofá diz ser o preferido porque o ocupamos a quatro braços prolongados nas horas. a nossa cama cala-se. o ar conta as histórias das tuas vitórias levando a minha boca. vou preparando o nosso regresso. talvez o meu vestido verde. ou flores. fecho os olhos. o metrónomo pára. a porta abre-se e vou buscar-te ao colo. os outros ficam lá. cá dentro demoramo-nos. a sermo-nos nós. dizes-me das saudades que tiveste e os nossos lábios já estão suficientemente próximos *. a casa opulenta.
october, Rosie Thomas
* apropriação e distorção da letra da canção
Sem comentários:
Enviar um comentário