sandra aka margarete ~ acknowledgeyourself@gmail.com

Columbários & Sangradouros

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Correm na lama crianças atrasadas

trazem sacos nas mãos, flores miúdas
unhas de amassar as pedras
péssaros de abate à superfície

a morte pousada em remoínho

lavadas ao ventre ambrandecidas
no peito delas as casas incendiadas

a fachada aberta expostas de morar.


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Nas ruas estreitas de laje afogam filhos

amortecem baixas ao ventre a secar
campas pequeninas onde vão morar

as mulheres a romperem choro ao rio

as bermas da estrada no caminho
marcam de pedras o grito delas

cambaleiam, caiem ao lado das outras

rasgam a pele a nascer, os homens
esquecidos nos braços delas.

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Voltam da memória com o corpo calvo

estão despidos de medo
animais de refúgio
a construir tocas

fecham a hemorragia da casa
com o pulso nu

os úteros cerzidos no peito.

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Os algodões são nuvens mortas
que sabemos guardar

os corações brancos de tocar
os filhos que nele parimos

medas enfiadas nas mãos
somos muitas, rodamos ao vento

choramos o sangue que o vem tingir.





Alexandre Nave
in Columbários & Sangradouros

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