E depois?
Morram as vacas e morram os bois?
Na idade parva de não saber
apalavrar a limitação - do nosso entendimento,
respondíamos
que morriam
as vacas se ficavam os bois.
Hoje, continuamos a fazer
o mesmo, com o toque
da sobranceria incauta.
E depois? Depois? Agora.
Sou cientista e filmei
pela primeira vez
a orca
branca
adulta.
Um feito inédito.
Nenhum homem,
nenhuma mulher,
até hoje
(agora)
tinha captado a orca
branca
adulta
em filme.
E depois? Depois?
Agora, estou sempre
de regresso a casa, à vida,
na vida. Esta poesia nova
– filmar pela primeira vez a orca branca adulta,
não se basta.
É preciso dizer: Mário, eu sei!
o nosso dever. Entre nós e as palavras.
E depois? Depois? Fazemos uma festa
com poesia e comida
para os pobrezinhos
e dormimos com um sorriso
estampado na tromba.
E até podemos ir a África
e ficar mais felizes
ainda. Mais felizes,
cada vez mais felizes.
Oh, como é bom
haver quem precise de nós.
Nós: pessoas com bom fundo,
sem erros de cálculo ou precisão
apenas, um pouco distraídos
de Abril, em Abril.
Sem comentários:
Enviar um comentário