sandra aka margarete ~ acknowledgeyourself@gmail.com

§ poema do dia § Cláudia Santos Silva


© álvaro rosendo

mais tarde o corpo cansa-se e procura o encaixe
que devolva o soco e consolide estilhaços assim como um airbag de silicone
pacotes de férias nas termas ou nos trópicos mais distantes
na companhia de opiáceos e de analgésicos boiando nas águas do recife
em empreendimentos energeticamente certificados
onde se degustam iguarias ecologicamente confeccionadas
copos de uísque velho sem gelo e os politicamente correctos charutos de Havana
promessas de sexo musculado bordões de misogenia nos outdoors

frente ao vidro faço o risco que assinala a pálpebra e se alonga até às têmporas
de um lado ao outro delimita o curso do escalpelo cravo-o fundo na memória
allumeuse ou puritana porque não me lembrarei eu
de outras definições em mim apostas
contraditórias cegas clarividentes armas de arremesso
shadows have the saddest things to say canta a Mitchell
esta é uma daquelas noites em que me atiro contra mim própria
uma vez após outra e ainda outra sem que se rompa a pele ou quebrem os ossos
sem que vença a aridez de uma esfera que se rarefaz a cada embate
poderia antes gritar se fôlego houvesse

na casa das magnólias onde há um arquivo de repartição
cujos compartimentos de madeira albergam
discos de vinil uns dois milhares alfabeticamente organizados
a música que R. juntou e que se escuta no cansaço da madrugada
digo para mim própria
poderíamos dançar
antes de adormecer no quarto do sótão
e acordar rindo de todos os clichés
abandonando o pudor do déjà-vu
posando para o fotógrafo que se deitara no sofá
tem os olhos semicerrados
mede a luminosidade na penumbra
antes de disparar.


Cláudia Santos Silva in Blue Moleskin

link do dia :)

Somos um coletivo de professores e estudantes da UFRGS preocupados com a crescente presença do obscurantismo na cultura brasileira, inclusive no meio acadêmico, que deveria caracterizar-se pelo espírito crítico. Neste espaço pretendemos nos encontrar ocasionalmente para jantar e conversar: os pratos preferidos serão pseudociências, crendices, pósmodernismo, mistificações e pensamento mágico, entre outras picaretagens.
***
Alerta de Conteúdo Adulto: Neste blogue não achamos feio discutir religião.

Aqui me sentei quieta/ (...) Eu quero ouvir devagar


Aqui me sentei quieta
Com as mãos sobre os joelhos
Quieta muda secreta
Passiva como os espelhos

Musa ensina-me o canto
Imanente e latente
Eu quero ouvir devagar
O teu súbito falar
Que me foge de repente.



















Sento-me quieta e secreta neste gabinete e faço o "intervalo dos dias" a procurar um poema. Hoje trago o assalto à minha memória d'Os Livros Ardem Mal com Sophia. Na cata do poema do dia passo por locais habituais e obrigatórios dentre os quais estão “A Terceira Noite” (já desde os tempos blogspot) e “Os Livros Ardem Mal” (sempre que posso, passo estas palavras em partilha… Os Livros Ardem Mal… magnífico!).


Hoje, neste meu momento diário da quietude e do segredo, resolvo dedicar-me a uma dedicatória aos autores d’Os Livros Ardem Mal (OLAM). E faço-a da seguinte forma: dando o meu testemunho de consumidora das tertúlias das primeiras 2ªFeira de cada mês, respondendo às questões que foram colocadas a alguns colaboradores (pois não é um cliente um colaborador também?)


1) O que vos agrada mais no OLAM

A iniciativa, a forma como está "desenhada", a sua versatilidade.
A heterogeneidade no leque de convidados.
A forma como se comunica - o espaço existente para as características específicas de cada um dos comunicadores de OLAM.
A assiduidade, o compromisso, a clara atenção e intenção de sempre melhorar, sempre a querer dar mais (na dose q.b. para a qualidade) ao seu público.

Já agora…não esquecer que dia de OLAM também é dia de lanche delicioso.



2) O que vos agrada menos

O sistema de som.
Não só os meios de sonoplastia têm dias mas o próprio sonoplasta também que me sugeriu um dia que se não conseguia ouvir a sessão que lesse sobre a mesma mais tarde… qualquer coisa desagradável assim, enfim, cito o próprio «A sonoplastia nem sempre correu bem. Mas isso são águas passadas e sem ressentimentos». Mário Henriques, sonoplasta dos Serviços Técnicos do TAGV

As cadeiras! São frias e desconfortáveis.

O que agrada menos-mais: o burburinho típico de “fechar a caixa” que surge invariavelmente do bar quando a hora de acabar a sessão começa a tardar.



3) Uma sessão de que tenham gostado especialmente.

Posso incluir as sessões do escrileituras? Posso: a sessão de que mais gostei até hoje foi em 2006 com Manuel António Pina – tema “Winnie the Pooh”.

Este ano, gostei especialmente das sessões com Alexandra Lucas Coelho e Gonçalo M. Tavares.


OLAM é um lugar e um momento
em que me sento quieta e quero ouvir devagar.
Obrigada, OLAM!


fazer minhas as palavras alheias...

(...) E eis que a direcção do Belenenses, com uma garra na "defesa do bom nome do clube" que se fosse aplicada nos relvados dispensaria as decisões de secretaria para manter o clube na I Liga, vem pôr a sua ridícula - ridiculíssima - cereja no topo de tão ridículo bolo, escrevendo uma carta, essa sim, ofensiva, à direcção do jornal, a exigir desculpas públicas. E, segundo facto lamentável, obteve-as, em editorial, que não fazia uma única menção aos modos ordinários com que a tal carta se referia a uma pessoa que o Público enviou, publicou e pagou para fazer a reportagem do dito concerto. O Público é o meu jornal, como leitor e como colaborador. E foi como leitor ("ofender" muçulmanos está bem, "ofender" o Belenenses é que não?) e como colaborador (bonita lição de solidariedade) que fiquei zangado. (...)

Luís Miguel Oliveira

brutal

dali... deu-me para navegar acolá e digo-vos: credo, só mesmo para comprovar que o povo gosta de ser enganado, se a apresentação de casos clínicos é isto (ou aquilo... enfim, sinceramente!) então, estou como diz Ludwig: Que treta!

...além de estarem contemplados com código de tratamento (acto médico) pelo Min.Saúde, repare-se na quantidade de acordos! (e já agora espreitem os preços da consulta do tal dr)

o'well...

dizem do fenómeno que se chama "ter um feeling"


Ora, a menos que fosse para ler arquivos, o que me levaria a dar um saltinho ao insónia? deve ter sido um feeling :) encontrei um blog 2 em 1: universos desfeitos + insónia :) com todos os arquivos e... actualização!

Ò pessoal!... o Henrique está de volta!

poesia, diz o safardanas...
(e eu concordo!)





citação do dia:

FELICIDADE

A felicidade é sentir um sorriso na boca.
Matilde, 6 anos.

prazer

http://exceda-se.zip.net/images/vinatomtoquinho.jpg
Vinícius, Tom e Toquinho

desenvolvimento de lista de coisas sobre este Verão

Dei por mim inundada. Estou submersa e sem alagar. No dia de hoje a minha cabeça... sinto-a amorfa. Não faz mal, escrevo então, sem lamúrias. “Hei-de continuar” seria a expressão mais obtusa que eu poderia proferir.
Desenvolvo uma lista:

§ Cozinhar com o tomate maduro que guardei cuidadosamente para não amachucar (e os ovos caseiros e a salsa); cozinhar na luz alva que escolhi; cozinhar em casa; “em casa” significa “cozinhar em casa, entre os meus queridos utensílios de cozinha – para os meus queridos”; os meus. (posse)

§ Fazer a cama, no quarto arejado; Era uma casa muito engraçada/ não tinha teto não tinha nada/ ninguém podia entrar nela não/ porque na casa não tinha chão*.

§ Desenhar a bicicleta; andar na bicicleta (o B. tem de estar presente no momento da estreia! §não esquecer!§)

§ Expor esta lista.

§ Ser voyeur.

§ Imaginar os livros empilhados; reler os títulos novos; tocar as lombadas e olhar as capas; abrir 2 ou 3 livros e ser voyeur.

§ Dispor objectos especiais e mirá-los.

§ Lista de objectos possíveis: caderno(s), lupa, penas coleccionadas, o copo azul, (a manta de retalhos a fazer de base), o meu disco, o isqueiro azul e a vela e o castiçal de vidro, o pote de barro, (tudo disposto em cima do móvel-telefonia), a garrafa de vinho (Rosé! fresco! É Verão!). (a presença das aves lá fora)

§ Pensar "A colecção" e saber que irei sorrir.

§ Sentar-me na tua companhia e ficar assim a sentir o pensar. (contigo)

§ Desenhar sem vergonha § Entrar na água sem temor à profundidade § Escrever nas paredes §

[passarinhos+do+meu+alentejo.jpg]

ilustração surripiada a Tiago Alexandre

* A casa, Vinicius de Moraes





(arremesso de roupas)



[Não tento, tenho matéria que sobeja. E intenção. Há prazos. Disfarço muito, transviada da existência que reconheço (daqui).

Tudo é assunto acerca desta secura que me faz incorrer em goles sôfregos de nada
de mundo.]


tem-se saudades...

...de blogar, mas parece que quase se esquece o "como se faz"... ou será o "que devo dizer?"?


:)