Quantas vezes atormentaste um espírito alheio?
Quantas?
Quantas vezes deixaste que a tua lucidez se tolhesse da irrazão do outro?
Acaso olhaste para o lado?
Viste, olhaste?
Certamente sabes do teu efeito perverso.
Os apertos do peito são assim. Estreitos apertados.
Jamais entenderás o fenómeno, não é? É.
Um dia, e muitos outros dias soubeste. Falta saber àquele que é tolhido que a ti apenas choca a violência. Tu sabes como fazê-la. Mas não fazes e dizes “fim”.
sandra aka margarete ~ acknowledgeyourself@gmail.com
(re)começar o dia
(...as repetições)
uso outro poema que resgato para a minha antologia
saúdo o sol
algures
encho-me de fluxos, deste bafo (não desabafo), procuro o nó, releio escritos de outrora pois, a estes dias, não escrevo
[ evidência ]
Jamais soube o que é estar de pé
em equilíbrio inventei estes modos
Não aguento
um esgar, não aguento encarnações
de dor sou uma fraca que engendrou
a religião da outra face cedo ouvi a lenda
ficou impregnada
Que hei-de fazer a este jeito que choro
até ao afinco do ardor
Que hei-de fazer a este jeito
Eu escrevo
Largo o temor das mãos
continuo sem saber
Este jeito há-de ser
o meu fim
Como podereis constatar gaguejo.
photo de c
uso outro poema que resgato para a minha antologia
saúdo o sol
algures
encho-me de fluxos, deste bafo (não desabafo), procuro o nó, releio escritos de outrora pois, a estes dias, não escrevo
~
[ evidência ]
Jamais soube o que é estar de pé
em equilíbrio inventei estes modos
Não aguento
um esgar, não aguento encarnações
de dor sou uma fraca que engendrou
a religião da outra face cedo ouvi a lenda
ficou impregnada
Que hei-de fazer a este jeito que choro
até ao afinco do ardor
Que hei-de fazer a este jeito
Eu escrevo
Largo o temor das mãos
continuo sem saber
Este jeito há-de ser
o meu fim
Como podereis constatar gaguejo.
photo de c
dedicado...
a mim e aos colos insuflados
à Marta, por escrever:
antes desata os nervos,
a inspiração
no arremesso das palavras.
a mim e aos colos insuflados
à Marta, por escrever:
antes desata os nervos,
a inspiração
no arremesso das palavras.
Falar estrangeiro
Quem nunca viveu um momento de alívio, o instante do suspiro desembaraçado do desassossego? uff! Maravilha. O âmago a sentir-se de novo emergido.
Ontem publiquei um poema que passa a ser de antologia. Da minha antologia. Deparei-me com a angústia e quase com a deseperança. Todos temos dias maus, mesmo maus, pois claro. Porém, posso considerar-me muito privilegiada. Dos inúmeros confrontos e discordâncias com que me deparo no dia a dia, estou entre pessoas que sabem estar neste mundo que acima de tudo é feito de diferenças, que sabem chegar a consenso, à zona de funcionalidade dentro da discórdia. Como nada é perfeito, de vez em quando aparecem uns ranhosos que são a excepção à regra. Lá fica a menina margarete desprotegida dos espíritos conflituosos. Zás. Toca a exercitar outras zonas do cérebro.
Em determinadas alturas, pode tornar-se incomportável ser-se eficaz num sentido literal. Acontecem, então, pendências que me deixam num estado de urgência para avançar. Sabendo um pouco sobre o meu funcionamento e da eventualidade de efeitos perversos resultantes das situações, torna-se imperioso arranjar exercícios para conseguir lidar com as consequências do facto.
Falo de quê?
Facto: o indivíduo não conseguir ser reflectido o suficiente para assumir que se discorda em determinado assunto.
Consequência: 1) perder rumo do assunto propriamente dito; 2) perder o respeito pelo interlocutor.
Memória do desrespeito: não incide na frustração por identificar que não se consegue ultrapassar o "facto discordância" mas nos actos consequentes da mesma. O indivíduo não-reflectido deixa-se levar pela frustração e recorre ao dano do outro.
(nota - o dano pode ser infligido através de actos completamente alheios à discordância em si, é a regra do "tudo vale para libertar a minha fúria". Assim, o outro ser, que não sabe viver de fel, procura proteger-se.)
Necessidade: protecção da sanidade mental.
Inventei para mim um exercício mental de comunicação selectiva para emergências. Chamo-lhe "Falar Estrangeiro" ou Afasia de Wernicke. É simples. Não anula o facto, mas ajuda a lidar no imediato com a memória do desrespeito. Na afasia de Wernicke, o indivíduo, não obstante as suas dificuldades de compreensão de linguagem e ininteligibilidade de discurso, é fluente. Ou seja, não se percebe o que diz, mas até parece estar a dizer coisas que lhe fazem sentido, como se falasse uma língua estrangeira desconhecida ao seu interlocutor. Um discurso que se pode dizer ser uma algarviada pegada, cheio de neologismos curiosos.
Portanto, é simples. Pensa-se no interlocutor como se fora um incapacitado da Linguagem e não da Cognição. É um exercício feio, é certo, mas é o que há. Não temos tempo para digerir tudo. Há muito para fazer. Há muita coisa a acontecer. Num instantinho, esqueço a pretensão de conseguir mostrar a um adulto que a sua atitude foi merdosa. A verdade é que não acredito que haja vitória numa troca de piropos bota-abaixo que possa superar a minha tranquilidade.
Se se deram ao trabalho de ler este longo post, se houve engano nas minhas palavras iniciais que possam ter levado a que esperassem que eu descrevesse uma estratégia magnífica... azarinho :) imagino que tenham as vossas e até reconheço que esta seja um bocado tonta e rebuscada, usei palavrões (p.ex. "respeito") e recorri a clichés, é assim mesmo. Este é um blog pessoal. É apenas um pouco de mim. Sejam bem vindos.
Tudo vai correr bem e cá estamos para o que der e vier. Bom dia, minha gente.
(deixo-vos com fotos da minha antologia)
Ontem publiquei um poema que passa a ser de antologia. Da minha antologia. Deparei-me com a angústia e quase com a deseperança. Todos temos dias maus, mesmo maus, pois claro. Porém, posso considerar-me muito privilegiada. Dos inúmeros confrontos e discordâncias com que me deparo no dia a dia, estou entre pessoas que sabem estar neste mundo que acima de tudo é feito de diferenças, que sabem chegar a consenso, à zona de funcionalidade dentro da discórdia. Como nada é perfeito, de vez em quando aparecem uns ranhosos que são a excepção à regra. Lá fica a menina margarete desprotegida dos espíritos conflituosos. Zás. Toca a exercitar outras zonas do cérebro.
Em determinadas alturas, pode tornar-se incomportável ser-se eficaz num sentido literal. Acontecem, então, pendências que me deixam num estado de urgência para avançar. Sabendo um pouco sobre o meu funcionamento e da eventualidade de efeitos perversos resultantes das situações, torna-se imperioso arranjar exercícios para conseguir lidar com as consequências do facto.
Falo de quê?
Facto: o indivíduo não conseguir ser reflectido o suficiente para assumir que se discorda em determinado assunto.
Consequência: 1) perder rumo do assunto propriamente dito; 2) perder o respeito pelo interlocutor.
Memória do desrespeito: não incide na frustração por identificar que não se consegue ultrapassar o "facto discordância" mas nos actos consequentes da mesma. O indivíduo não-reflectido deixa-se levar pela frustração e recorre ao dano do outro.
(nota - o dano pode ser infligido através de actos completamente alheios à discordância em si, é a regra do "tudo vale para libertar a minha fúria". Assim, o outro ser, que não sabe viver de fel, procura proteger-se.)
Necessidade: protecção da sanidade mental.
Inventei para mim um exercício mental de comunicação selectiva para emergências. Chamo-lhe "Falar Estrangeiro" ou Afasia de Wernicke. É simples. Não anula o facto, mas ajuda a lidar no imediato com a memória do desrespeito. Na afasia de Wernicke, o indivíduo, não obstante as suas dificuldades de compreensão de linguagem e ininteligibilidade de discurso, é fluente. Ou seja, não se percebe o que diz, mas até parece estar a dizer coisas que lhe fazem sentido, como se falasse uma língua estrangeira desconhecida ao seu interlocutor. Um discurso que se pode dizer ser uma algarviada pegada, cheio de neologismos curiosos.
Portanto, é simples. Pensa-se no interlocutor como se fora um incapacitado da Linguagem e não da Cognição. É um exercício feio, é certo, mas é o que há. Não temos tempo para digerir tudo. Há muito para fazer. Há muita coisa a acontecer. Num instantinho, esqueço a pretensão de conseguir mostrar a um adulto que a sua atitude foi merdosa. A verdade é que não acredito que haja vitória numa troca de piropos bota-abaixo que possa superar a minha tranquilidade.
Se se deram ao trabalho de ler este longo post, se houve engano nas minhas palavras iniciais que possam ter levado a que esperassem que eu descrevesse uma estratégia magnífica... azarinho :) imagino que tenham as vossas e até reconheço que esta seja um bocado tonta e rebuscada, usei palavrões (p.ex. "respeito") e recorri a clichés, é assim mesmo. Este é um blog pessoal. É apenas um pouco de mim. Sejam bem vindos.
Tudo vai correr bem e cá estamos para o que der e vier. Bom dia, minha gente.
(deixo-vos com fotos da minha antologia)
adenda
ao post poesia para elites, resultante do comentário do meu limão preferido
quantas facas?, quantos fogos?, se são sempre a mesma alfaia
e o mesmo incêndio, repetição e repetição da repetição
que prolongam as horas e a demora. quantas facas?, quantos fogos?,
se a edição última está esgotada e a próxima será revista. s. d’o.
in almanaque de ironias menores
caderno de exercícios avulsos e breves, por serôdio d’o. & 3ás
~
quantas facas?, quantos fogos?, se são sempre a mesma alfaia
e o mesmo incêndio, repetição e repetição da repetição
que prolongam as horas e a demora. quantas facas?, quantos fogos?,
se a edição última está esgotada e a próxima será revista. s. d’o.
in almanaque de ironias menores
caderno de exercícios avulsos e breves, por serôdio d’o. & 3ás
(o dito)
FAZ FALTA SER CEGO
Faz falta ser cego,
ter como metidas nos olhos raspaduras de vidros,
cal viva,
areia a ferver,
para não ver a luz que salta em nossos actos,
que ilumina por dentro a nossa língua,
a nossa palavra quotidiana.
Faz falta querer morrer sem lápide de glória e alegria,
sem participação nos hinos futuros,
sem lembrança nos homens que julguem o passado sombrio da Terra.
Faz falta querer já na vida ser passado,
obstáculo sangrento,
coisa morta, esquecimento seco.
Rafael Alberti, in " Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea" assírio & alvim, 1985
trad. José Bento
Faz falta ser cego,
ter como metidas nos olhos raspaduras de vidros,
cal viva,
areia a ferver,
para não ver a luz que salta em nossos actos,
que ilumina por dentro a nossa língua,
a nossa palavra quotidiana.
Faz falta querer morrer sem lápide de glória e alegria,
sem participação nos hinos futuros,
sem lembrança nos homens que julguem o passado sombrio da Terra.
Faz falta querer já na vida ser passado,
obstáculo sangrento,
coisa morta, esquecimento seco.
Rafael Alberti, in " Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea" assírio & alvim, 1985
trad. José Bento
poema surripiado ao Miguel n'O café dos Loucos
...com este poema fica o dito do que hoje rebola cá dentro, o resto da energia fica no direito inalienável a desprezar a ira e frustração alheias, por mim, para mim, pela minha sanidade; um suspiro, um desabafo neste belíssimo poema que fica marcado como "de Antologia".
em dia de aniversário
Poema
Voo
Ar
Água
Árvore
Luz
Raiz
Laço
Amor
Partitura
Palavra
Abraço.
Voo
Ar
Água
Árvore
Luz
Raiz
Laço
Amor
Partitura
Palavra
Abraço.
Feliz Aniversário, pessoa bonita ***
(o eterno poema para esta manhã)
Memória dos Dias
Vais e vens na memória dos dias
onde o amor
cerciu a casa de luz matutina.
Às vezes sabíamos de ti pelo aroma
das glicínias escorrendo no muro,
outras pelo rumor do verão rente
ao oiro velho dos plátanos.
Vais e vens. E quando regressas
é o teu cão o primeiro a sabê-lo.
Ao ouvi-lo latir, sabíamos que contigo
também o amor chegara a casa.
Vais e vens na memória dos dias
onde o amor
cerciu a casa de luz matutina.
Às vezes sabíamos de ti pelo aroma
das glicínias escorrendo no muro,
outras pelo rumor do verão rente
ao oiro velho dos plátanos.
Vais e vens. E quando regressas
é o teu cão o primeiro a sabê-lo.
Ao ouvi-lo latir, sabíamos que contigo
também o amor chegara a casa.
Eugénio de Andrade
sobre regressos
ler
por Rui Bebiano
e
por Osvaldo Manuel Silvestre
~ ~ ~
nota 1. foto deliciosa que o Rui Bebiano escolheu para ilustrar o post (fui o brigada a reproduzi-la)
nota 2. pensando em tirar outro curso, estou cada vez mais certa de escolher História (okok, também gostava de tirar Literaturas e Filosofia e Psicologia e Medicina e Artes Plásticas... sigh)
nota 2. pensando em tirar outro curso, estou cada vez mais certa de escolher História (okok, também gostava de tirar Literaturas e Filosofia e Psicologia e Medicina e Artes Plásticas... sigh)
(segredo maior)
Desde que a madrugada vem
fico com o fôlego suspenso
a meio de ti.
Não há por agora
segredo maior do que este,
nenhum outro mistério
onde eu tenha lugar.
fico com o fôlego suspenso
a meio de ti.
Não há por agora
segredo maior do que este,
nenhum outro mistério
onde eu tenha lugar.
surripiado à Marta
um roubo para fazer uma oferta ao meu pai e à minha mãe
(sem ordem específica)
3 obras para ler como se se tratasse de uma trilogia
b'dia!
O Alienista de Machado de Assis
Diário de um Louco de Nikolai Gogol
A morte de Ivan Ilitch de Lev Tolstoi
b'dia!
coisa mai'linda
Polaroid is back!!! (que é como quem diz...)
nota: tal e qual como na polaroid-papel, a cor da foto varia conforme o tempo que espera para a guardar (como quem tirasse a película da foto... que lindo! que comoção!)
aproveito a fotografia para anunciar: a minh'alegre cozinha :)
figura ridícula do dia
atenção as imagens que se seguem podem ferir a sensibilidade de algumas pessoas
considere-se este um post com bolinha vermelha no canto superior direito
O
O
lamento, há mais imagens do mesmo indivíduo que sou obrigada a expor aqui...
encontrado ali
Ano Internacional da Astronomia 2009
O Ano Internacional da Astronomia 2009 (AIA2009) será uma celebração global da astronomia e da sua contribuição para a sociedade e para a cultura, estimulando o interesse a nível mundial não só na astronomia, mas na ciência em geral, com particular incidência nos jovens.
Credit & Copyright: Justin Quinnell
Explanation: If every picture tells a story, this one might make a novel. The six month long exposure compresses the time from December 17, 2007 to June 21, 2008 into a single point of view. Dubbed a solargraph, the remarkable image was recorded with a simple pinhole camera made from a drink can lined with a piece of photographic paper. The Clifton Suspension BridgeAvon River Gorge in Bristol, UK emerges from the foreground, but rising and setting each day the Sun arcs overhead, tracing a glowing path through the sky. Cloud cover causes dark gaps in the daily Sun trails. In December, the Sun trails begin lower down and are short, corresponding to a time near the northern hemisphere's winter solstice date. They grow longer and climb higher in the sky as the June 21st summer solstice approaches.
se as sapatilhas fossem doutro modelito... (ou doutra paleta de cores)
via treehugger
um gnomo! [ epifania do dia ]
é a prenda que eu quero quando, um dia, encontrar a casa dos meus sonhos - um gnomo para pôr no jardim!
tal e qual o da Amelie Poulain
tal e qual o da Amelie Poulain
b'dia, gentes :)
Isto anda___mos todos ligados
Escrevi este desabafo anteontem. Escrevo muitos desabafos que ficam em rascunho sendo apagados algum tempo depois. São desabafos banais sobre variados temas. Escrevo, leio, suspiro e guardo, depois apago. Confirmo que não tenho grande contributo a dar em termos de opinião. Há quem o faça muito bem como ocupação profissional ou, outros, por talento inato associado a louvável autodidatismo. Eu não sou uma dessas pessoas, sou uma leitora. Muitas vezes leio escritas as palavras que correspondem exactamente ao meu pensamento e que, tantas vezes, são a tradução correcta em texto daquilo que desabafei e está em rascunho.
Quero com isto dizer que ando, como “todos” nós, apreensiva. Escrevi e guardei em rascunho, mas hoje publico. De seguida, deixo-vos o texto (publico)(os sublinhados são meus) que encontrei via womenage a trois . B’dia, gentes.
Quero com isto dizer que ando, como “todos” nós, apreensiva. Escrevi e guardei em rascunho, mas hoje publico. De seguida, deixo-vos o texto (publico)(os sublinhados são meus) que encontrei via womenage a trois . B’dia, gentes.
Fico confusa ao ver posições tão convictas quanto ao lado de que se está. Discussões acesas e extravagantes acerca da razão.
Calo-me e penso que deveria ser óbvio que, para quem vê a guerra de uma “zona segura”, na verdade está-se do lado das vítimas. Ou antes, das “baixas”. E quem são as vítimas, as baixas? É aí que começa a discussão que andará ao redor do poder de argumentação de cada um (que já escolheu um lado).
Percebo que até seja fácil assumir-se uma posição, desde que se agarre determinados argumentos esquecendo todas as razões para da discórdia do… outro lado.
Acredito que as opiniões formuladas por estes dias são baseadas num qualquer desejo para se conseguir entender o que nunca nos parece verosímil – a guerra. Não acontece, não pode acontecer, não poderia acontecer, não podia acontecer. E acontece. Está a acontecer. É verdade.
Hamas, fatah, Israel, povo, credos certos, credos errados. E nós – todos - por cá.
Eu também não sei como será a resolução do conflito. Percebo o que leio, mas confunde-me o acender das discussões convencidas, leio e não queria ler. Recolho a informação a que consigo aceder e compreendo a lógica das orgânicas, dos acordos e da necessidade da manutenção da ordem, assim como compreendo os desejos de autonomia. Mas estou crente em que essas são apenas denominações mascaradas para as manobras do poder – quer através da guerra “com regras” quer através do terrorismo.
Não creio noutra coisa. Perdi deus pelo caminho. Não almejo poder. Sinto-me, assim, desprotegida no desejo de paz.
Por isto, é grande a minha perturbação ao observar as tomadas de posição nestas questões.
Temo. Temo irmãmente por qualquer das estremas da faixa.
Calo-me e penso que deveria ser óbvio que, para quem vê a guerra de uma “zona segura”, na verdade está-se do lado das vítimas. Ou antes, das “baixas”. E quem são as vítimas, as baixas? É aí que começa a discussão que andará ao redor do poder de argumentação de cada um (que já escolheu um lado).
Percebo que até seja fácil assumir-se uma posição, desde que se agarre determinados argumentos esquecendo todas as razões para da discórdia do… outro lado.
Acredito que as opiniões formuladas por estes dias são baseadas num qualquer desejo para se conseguir entender o que nunca nos parece verosímil – a guerra. Não acontece, não pode acontecer, não poderia acontecer, não podia acontecer. E acontece. Está a acontecer. É verdade.
Hamas, fatah, Israel, povo, credos certos, credos errados. E nós – todos - por cá.
Eu também não sei como será a resolução do conflito. Percebo o que leio, mas confunde-me o acender das discussões convencidas, leio e não queria ler. Recolho a informação a que consigo aceder e compreendo a lógica das orgânicas, dos acordos e da necessidade da manutenção da ordem, assim como compreendo os desejos de autonomia. Mas estou crente em que essas são apenas denominações mascaradas para as manobras do poder – quer através da guerra “com regras” quer através do terrorismo.
Não creio noutra coisa. Perdi deus pelo caminho. Não almejo poder. Sinto-me, assim, desprotegida no desejo de paz.
Por isto, é grande a minha perturbação ao observar as tomadas de posição nestas questões.
Temo. Temo irmãmente por qualquer das estremas da faixa.
«poema de dicionário» [surripiado a Osvaldo Manuel Silvestre no OLAM* ]
AMOR DAS PALAVRAS
Amo todas as palavras, mesmo as mais difíceis
que só vêm no dicionário.
O dicionário ensinou-me mais um atributo
para o sabor dos teus lábios.
São doces como sericaia.
Faz-me pensar ainda se a tua beleza não será
comparável à das huris prometidas.
No dicionário aprendi que o meu verso é
por vezes fabordão e sesquipedal.
Nele existe o meu retrato moral (que
não confesso) e o de meus inimigos,
rasteiros como seramelas sepícolas
e intragáveis como hidragogos destinados à comua.
O dicionário, as palavras, irritam muita gente.
Eu gosto das palavras com ternura
e sinto carinho pelo dicionário,
maciço e baixo, e pelo seu casaco, azul
desbotado, de modesto erudito.
Rui Knopfli
* os livros ardem mal
Amo todas as palavras, mesmo as mais difíceis
que só vêm no dicionário.
O dicionário ensinou-me mais um atributo
para o sabor dos teus lábios.
São doces como sericaia.
Faz-me pensar ainda se a tua beleza não será
comparável à das huris prometidas.
No dicionário aprendi que o meu verso é
por vezes fabordão e sesquipedal.
Nele existe o meu retrato moral (que
não confesso) e o de meus inimigos,
rasteiros como seramelas sepícolas
e intragáveis como hidragogos destinados à comua.
O dicionário, as palavras, irritam muita gente.
Eu gosto das palavras com ternura
e sinto carinho pelo dicionário,
maciço e baixo, e pelo seu casaco, azul
desbotado, de modesto erudito.
Rui Knopfli
* os livros ardem mal
post post-férias
O regresso ao trabalho é coisa mesmo muito difícil, aplicam-se legitimamente expressões poetico-existenciais como:
Arrancar a ferros
fazer das tripas coração
porra para esta merda
tenho de começar a jogar no totoloto.
fazer das tripas coração
porra para esta merda
tenho de começar a jogar no totoloto.
do belo
Valerie Hammond |
Untitled Dress No. 1 ed. 8 |
52 x 30 in. Relief printed lithograph, thread and paper |
(post justificativo de ausência)
ok, já apaguei a maioria dos emails recebidos nestes 15 dias; já passei ojolhos nos emails para resposta; mas ainda não me apetece responder; chama-se a isto a bela da preguiça; como ainda tenho umas horitas para usufruir da dita senhora, deixo as respostas merecidas para depois; também depois descarregarei as centenas de fotos, estenderei a roupa, procurarei a minha agenda do ano morto; olharei com atenção o armário da mercearia e listarei as faltas nos mantimentos; já começo a ter flashes mentais sobre aquele sítio para onde vou amanhã; espero que tenham tido dias generosos; os meus foram planeados ao pormenor para fazer de mim uma "spoiled brat"; nem por isso deixei de ansiar por Janeiro... cá estamos, siga para bingo. B'dia gentes :)
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