24.
agarro-me
ao trono
alguma coisa falta ainda
para sonhar ou esquecer
sob um manto de chuva
ácida
lá estarei
uma vez mais.
Carlos Veríssimo
O peixe melancólico
edição de autor, 2012
sandra aka margarete ~ acknowledgeyourself@gmail.com
A matéria das palavras [às portas de (mais) um novo dia]
Estamos aqui. Interrogamos símbolos persistentes.
É a hora do infinito desacerto-acerto.
O vulto da nossa singularidade viaja por palavras
matéria insensível de um poder esquivo.
Confissões discordantes pavimentam a nossa hesitação.
Há uma embriaguês de luto em nossos actos-chaves.
Aspiramos à alta liberdade
um bem sempre suspenso que nos crucifica.
Cheios de ávidas esperanças sobrevoamos
e depois mergulhamos nessa outra esfera imaginária.
Com arriscada atenção aspiramos à ditosa notícia de uma
perfeição
especialista em fracassos.
Estrangeiros sempre
agudamente colhemos os frutos discordantes.
Ana Hatherly
Pavão Negro
Assírio & Alvim, 2003
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