sandra aka margarete ~ acknowledgeyourself@gmail.com

Parabéns a mim, à minha mãe e à minha avó velhinha.

Cá estou, um pouco maior, pois que é para cima que crescemos.
O primeiro pensamento vai sempre para a avó velhinha. Depois… depois catadupa.
Um jorro de pensamentos de tipo fazer anos é...

Fazer anos é o marco do dia em que saímos do bem-bom e o ar toca a nossa pele pela primeira vez.
Fazer anos é esse dia em que passámos a existir após a forma do desejo, do sonho (se é que tenhamos sido um sonho de alguém).
Fazer anos é fazer uso do calendário que usamos deste lado do mundo e dizer que isso é especial.
Fazer anos é ter uma série de pessoas a lembrar-se de nós “especialmente nesse dia”.
Fazer anos é ter uma série de pessoas a mobilizar-se para estar connosco nesse dia em específico.
Questiono-me acerca da importância dos aniversários e recuso-me dizer que é um dia igual aos outros.
Estou um bocadinho maior, como diz a canção de aniversário da minha vida.
Nunca vos dei a ouvir a minha canção de aniversário, pois não? Aqui vai.





Sou definitivamente uma pessoa de aniversários.
Um balanço: estranho é que estando maior e “a little bit smarter” e “a little bit nicer” tenho a sensação de vir a negligenciar cada vez mais os que me são queridos. Coisas da vida e das experiências, não é? Pois, mas não pode ser. Não faço resoluções de ano novo, embora o meu aniversário seja cronologicamente aproximado do início do novo ano. Faço resoluções de aniversário, para estar à altura do crescimento.
Para este 37º ano da minha vida vou tentar estar mais perto.
Amo-vos.

(something is) [ you are ] calling you



Os chamamentos são mínimos e residem na tua cabeça em marteladas pouco suaves. Queres alcançar o cosmos, partes os braços. Odeias a tua consciência, odeias a tua andança. Os chamamentos não são mínimos e tu não arredas pés das opiniões. Odeias a tua consciência. Nem por isso corres. O corpo não te admite fraudes nem extremos. Dirias ]estremas[, que é das fronteiras que advém o teu ódio. Apontas uma seta ao teu cérebro e não consegues decidir se estás a apontar um caminho ou um alvo. Apontas com o dedo mas o dedo não te chega. Desenhas uma seta num bocado de cartão rasgado de uma das caixas onde empacotaras os livros agora com residência fixa. Recortas essa seta (com tamanho de braço, a ponta da seta cabe na medida da tua mão). Recortas a seta e fazes um estandarte de arame liso e não-farpado. Sais à rua com a seta presa pelo estandarte - parece um halo, que se agarra no teu pescoço pelo arame.  Sais à rua com a seta a apontar-te a cabeça e vais anunciando que odeias a tua consciência.

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poesia na Galeria Santa Clara - Sábado 28 de Novembro

A editora TEA FOR ONE tem o prazer de convidar V. Exa. para o lançamento da 2ª edição do livro "Onde não estou, tu não existes", de Marta Chaves, que terá lugar na Galeria Santa Clara, em Coimbra, dia 28 de Novembro (sábado), pelas 18h00.

DOMINGO. ] velocidades e repetição [

Domingo. Silencio e a música de Sassetti. Ascent. Miranda July. Uma citação estúpida: Quão maravilhosas são as pessoas que não conhecemos bem. E uma pergunta: Are You The Favorite Person of Anybody ? E o sentimento. Na 6ª feira ouvi uma pessoa improvável falar de velocidade, de aceleração. Chorei tudo o que pude, aproveitei, pois tinha aqui pranto adiado que por descuido guardara. Anteontem, no meio dos meus pensamentos e dores entaramelados quis sentir-me só na solidão toda. Ninguém morre sozinho, repetia. Sou feita de repetições. Entrei em acelerada evocação de referências. Ninguém morre sozinho. Recado. Me you and everyone we know. Burnout. Ninguém morre sozinho. Respeitosa repetição. Karma police. Fitter Happier. No alarms & no surprises. All that numbs you. E a palavra Anywhen. Arrepio na tarde. Mercy seat. Monsters ball. …a darkness. Hurt. You can have it all. Só mais uma para o caminho. Sou velha, disse. Sou uma velha que se agarrou a meia dúzia de referências. Uma velha cansada a repetir alimentos, acelerada. Desacelerei num instante.
Isto tem relação directa com o amor e a capacidade de amar rodeando as condições e condicionantes com que nos deparamos ao amar e nos deixarmos amar.
Desenvolvi uma capacidade admirável de variação de velocidades em tempos recorde. Consigo recuperar com rapidez. É trabalho de mérito próprio mas realizado ao lado daqueles que são na realidade os autores de todas as obras que acima repeti: aqueles com quem partilho formas de amor.





refªs no texto: Ninguém morre sozinho; Are You The Favorite Person of Anybody?;Recado;Me and You and Everyone We Know; Respeitosa Repetição;Radiohead - Karma Police - fitter happierNo Surprises;Thomas Feiner & Anywhen - All That Numbs You;Arrepio na Tarde;Nick Cave & The Bad Seeds - Mercy Seat;Monster's Ball; Bonnie 'Prince' Billy - I See a Darkness;Johnny Cash - Hurt;Yo La Tengo - You can have it all; Só mais uma para o caminho.

(exposição) Se numa noite de Inverno um viajante de Italo Calvino



Título Introdução  Desenvolvimento  Conclusão



«Estás para começar a ler o novo romance Se numa noite de Inverno um viajante de Italo Calvino. Descontrai-te. Recolhe-te. Afasta de ti todos os outros pensamentos. Deixa que o mundo que te rodeia se esfume até se tornar indistinto. A porta é melhor que a feches; (…) (p.21)

(…) Mas depois prossegues e dás-te conta de que o livro se deixa ler apesar de tudo, independentemente daquilo que esperavas do autor, é o livro em si que te desperta curiosidade, e pensando bem até preferes que seja assim, encontras-te perante qualquer coisa que ainda não sabes muito bem o que é. (p.26)»

Italo Calvino in Se numa noite de Inverno um viajante

Trad. Mª de Lurdes Sirgado Ganho & José Manuel de Vasconcelos
col. provisórios e definitivos, Vega, 1985
1ª ed.


Concepção Por vezes fazemos batota, corremos de olhos fechados do princípio para o fim, sem olhar o meio (ou será aos meios?).
.
Distraio-me a espaços. Voltei a atrasar os meus recados pelo que percebi que não leria o livro. No outro dia li: Uma constitucional perturbação da vontade e uma ânsia, paralelamente paralisante, de sobre tudo dizer tudo, sem falha, falta ou fraqueza, fazem com que eu ponha em tudo o que faço uma demora que acaba por me apavorar até à acção, e que comece essa acção por um pedido de desculpas de tanto ter demorado.*
Não li o livro para a feitura do trabalho. (não esquecer: ter um livro em detenção de leitura é uma requintada forma de suplício) Eis-me então perante um autor que estimo, peguei na sua obra e li apenas inícios e fins de romances, deixei-me cometer deduções. Cogitei acerca da origem e da conclusão do título. Li sem remorso primeiras e últimas frases. Fiz desenhos e cálculos auxiliares; fiz corte e cose. Assim, sem mais nem menos: saltei da introdução para a conclusão. [deixando por preencher o desenvolvimento – não sei encaixar esta ideia]
Pensei “Sou uma viajante nesta hora de Inverno.” e muitas outras coisas que narrei para mim como se fora eu própria a leitora.

Amanhã inicio a leitura.



* Excerto de carta de Fernando Pessoa a Jaime Cortesão, in "Obra essencial de Fernando Pessoa, Cartas"
(lido em http://welcometoelsinore.blogspot.com/2009/02/se-alguem-houve-que-disse-tudo-foi-ele.html 
acedido a 18/FEV/2009)


Sandra Cruz (margarete)


Cálculos auxiliares: P__________(…)____________ F




Se numa noite de névoa de Inverno El Rei Dom Sebastião um viajante numa estação de caminho-de-ferro

fotografia p&b de impressão de imagem digital do
Retrato de D. Sebastião de Cristóvão de Morais*
* 1571, óleo sobre tela, 99 x 85 cm
Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa, Portugal





Numa rede de linhas que se intersectam especular reflectir
(aquilo que me circunda, consegui tornar-me o todo)

Espelho, cola, cartolina, tu
O teu reflexo - a risível questão do todo
Especulação e geometrias - espaço reflexo



pormenor de
Numa rede de linhas que se intersectam especular reflectir
(aquilo que me circunda, consegui tornar-me o todo)

 «Especular, reflectir: toda a actividade do pensamento me remete para os espelhos.»
[Primeira frase do romance “Numa rede de linhas que se intersectam“ p. 159 ]

«Agora parece-me que tudo aquilo que me circunda é uma parte de mim mesmo, que eu consegui tornar-me o todo, finalmente…»

[Última frase do romance “Numa rede de linhas que se intersectam“ p. 165]


La tigre e la neve ~ Roberto Benigni ~~ You Can Never Hold Back Spring ~ Tom Waits

serve apenas como teaser para quem (como eu) não seja um utilizador da Língua Italiana ;)



Tratto dal film "La tigre e la neve"

Su su.. svelti, veloci, piano, con calma...
Poi non v'affrettate, non scrivete subito poesie d'amore, che sono le più difficili, aspettate almeno almeno un'ottantina d'anni.
Scrivetele su un altro argomento... che ne so... sul mare, il vento, un termosifone, un tram in ritardo... che non esiste una cosa più poetica di un'altra!
Avete capito?
La poesia non è fuori, è dentro... Cos'è la poesia, non chiedermelo più, guardati nello specchio, la poesia sei tu...
..e vestitele bene le poesie, cercate bene le parole... dovete sceglierle!
A volte ci vogliono otto mesi per trovare una parola!
Sceglietele...che la bellezza è cominciata quando qualcuno ha cominciato a scegliere.
Da Adamo ed Eva... lo sapete Eva quanto c'ha messo prima di scegliere la foglia di fico giusta!!!
"Come mi sta questa, come mi sta questa, come mi sta questa.." ha spogliato tutti i fichi del paradiso terrestre!
Innamoratevi, se non vi innamorate è tutto morto... morto!
Vi dovete innamorare e tutto diventa vivo, si muove tutto... dilapidate la gioia, sperperate l'allegria e siate tristi e taciturni con esuberanza!
Fate soffiare in faccia alla gente la FELICITÀ! E come si fa? ...fammi vedere gli appunti che mi sono scordato... questo è quello che dovete fare...
non sono riuscito a leggerli!
Per trasmettere la felicità, bisogna essere FELICI e per trasmettere il dolore, bisogna essere FELICI.
Siate FELICI!!!
Dovete patire, stare male, soffrire.. non abbiate paura di soffrire, tutto il mondo soffre!
E se non avete i mezzi non vi preoccupate... tanto per fare poesie una sola cosa è necessaria... tutto.
Avete capito?
E non cercate la novità... la novità è la cosa più vecchia che ci sia...
E se il verso non vi viene, da questa posizione, né da questa, ne da così, buttatevi in terra! Mettetevi così!
Ecco... ohooo... è da distesi che si vede il cielo...
guarda che bellezza...perché non mi ci sono messo prima...
I poeti non guardano, vedono.
Fatevi obbedire dalle parole... Se la parola 'muro' non vi da retta, non usatela più...per otto anni, così impara! Che è questo, bhooo non lo so!
Questa è la bellezza, come quei versi là che voglio che rimangano scritti li per sempre...
forza, cancellate tutto che dobbiamo cominciare!
La lezione è finita.
Ciao ragazzi ci vediamo mercoledì o giovedì...
Ciao arrivederci


Só mais uma para o caminho [ horas pequeninas ]

Photobucket


Só mais uma para o caminho
uma taça de tempo encantado,
sortilégio das almas cansadas,
as que cantam com olhos vermelhos:
“Somos sombras pelos espelhos das cidades”.
Só mais uma para o caminho,
uma troca de beijos às cegas,
uma nova promessa gigante,
uma dança de urgências na branda violência deste amor alucinado.
Só mais uma, pede duas, pede tudo que tudo é de graça, faz o pino, tropeça na praça, esquece a raça, o governo:
o inferno é mais honesto, talvez mais terno, que a indiferença.
Fica um pouco mais que eu já estou quase bom, que hoje o dia doeu fundo, mas gosto ainda do mundo.
Mais uma pró caminho!


Quinteto Tati
-letra de JP Simões, música de Sérgio Costa

Inauguração 7/11 - SE NUMA NOITE DE INVERNO UM VIAJANTE





INAUGURAÇÃO SÁBADO 7/11

PROGRAMA

19H > JANTAR HOTEL BRAGANÇA

22:15 > ESTAÇÃO DE COIMBRA A > Concentração

22:22 > partida > CITAC & MANÉS

22:30 > chegada ESTAÇÃO DE COIMBRA B
Colectivo ERRORISTA > instalação sonora
MIGUEL JANUÁRIO > graffiti [live act]


23:00 – 04:00 > ESTAÇÃO DE COIMBRA B > OFICINAS - CP

23:00
JOSEF B + QIP > massa sonora > execução mecânica aleatória
JOÃO MARQUES FERNANDES/IRENE GONÇALVES> performance
JOÃO VAZ > textos sonoros
MALABARISTAS + CONCERTINAS
JOÃO VASCO PAIVA > vídeo

24:00
BOIALVO [Live act] + LISBON WINTER BLUES [VJ set]

0:30
QUARTETO PAULO PIMENTEL [Jazz]

1:30
MALABARISTAS + CONCERTINAS
JOSEF B + QIP
MAU FEITIO> uma muda de roupa

2:00
LAETITIA MORAIS [Visuais] + BOIALVO [Live act]

2:30 - 4:00
AFONSO MACEDO [DJ Set]

o que tu queres sei eu bem: festa! :) estão todos convidados


...fica o convite para a festa do ano! 
Coimbra A - Coimbra B
07 de Nov às 22.15

O viajante

O viajante é um projecto multidisciplinar, centrado no cruzamento de diversas leituras fotográficas de um romance de Italo Calvino, Se Numa Noite de Inverno Um Viajante. Nele, Calvino propõe construir um romance a partir de diferentes começos, fragmentos narrativos que conduzem o leitor a lugares distintos, construindo tipologias que organiza segundo categorias que funcionam numa lógica simbólica e interpretativa que vai da névoa, da atmosfera ao apocalipse.

A viagem é um tema eminentemente fotográfico e o fotógrafo tem sido, desde o início, um viajante, um observador e uma testemunha. Alguém que se desloca e ao deslocar-se altera o seu ponto de vista. As fotografias resultantes são fragmentos, vistas parciais, possibilidades de ponto de vista que nos dizem do lugar do fotógrafo e do que tinha em frente; não nos dizem nada. Mas são todas potenciais narrativos e por isso, quando se cruzam com o espectador, dizem tudo. Esta ambiguidade, que a natureza da fotografia lhe empresta, torna-a num instrumento privilegiado para pensar a nossa relação com o mundo, e construir a nossa própria narrativa. Tal como a pintura, a fotografia é una cosa mentale.

O que se apresenta é uma rede organizada a partir de um conjunto de pontos de vista de diferentes observadores-leitores-fotógrafos construídos a partir das possibilidades narrativas propostas por Calvino e esta rede é tecida a partir de leituras deste núcleo inicial envolvendo diversas práticas artísticas da palavra à escrita, do som à performance, da pintura ao vídeo.

O viajante é uma experiência colectiva proposta aos sentidos do leitor-espectador. Não por acaso, o romance começa numa estação de caminho de ferro…

Francisco Feio 

trabalho de parto

Claro que podes!, disseste alegre. Prefiro vinho, respondi. Um privilégio. Já é Domingo, são zero horas e cinco minutos do dia 25 de Outubro. Comprei um livro, chama-se "A mãe"*. Ler-me-ás um texto depois de te servires de mais vinho, eu oiço os goles de vinho a descer no teu copo e desejo que te saiba bem.

Quando quiseres, começa a ler quando quiseres, eu oiço. Posso ir escrevendo, se necessitar. Trata-se da maternidade, o tema é a maternidade ela própria. E sabemos que é uma evidência. Geometria, afinal. E eu interrompo para dizer que tenho para mim que o ser sobrevive sem os seus objectos. Mas não sem dispneia. E exemplifico com um episódio real:

No emaranhado de cabelos que retiro diariamente da escova, hoje havia um cabelo branco, enorme. Fiquei sem saber se haveria de iniciar alguma arritmia respiratória ou apenas, com a naturalidade que se exige, receber o acontecimento. Um cabelo branco, longo, caiu. Agora, sobrevivo.



…E eu que pensava possuir apenas cabelos brancos na zona temporal esquerda, curtos. No máximo com 6 cm. Mas não, havia por aqui um cabelo branco longo. Agora a suspeita: quantos mais destes clandestinos haverá pelo meu couro cabeludo?
rego_crivellis_garden.jpg
Paula Rego
* Gorki

escrito na cozinha,
Marta
Blimunda (aqui e ali)






quina, sempre
(sempre é uma palavra forte dentro da mulher )

melhor do que 71 virgens

Quis imaginar-te meu e o dia foi soberbo na generosidade. O palato foi mais forte, e nós. A cena é ordinária, esta expressão é ordinária, no entanto o espanto. (e o canto sem rima)
Tantos livros
à nossa beira
a sofreguidão.
Uma natureza morta.
(ai! que bom) Fecha tudo, tranca tudo e traz os víveres. De mãos húmidas, pegajosas, prepararei de dedos afunilados os alimentos necessários. E fluidos sedentos.
Sonha-nos, ébrios disto.
Oração: Sejam os dias tão generosos como hoje, marca aí na tua agenda. Sonha.


AS MULHERES QUE PERDI
Gustav Klimt
imagem referenciada ali

citação do dia

A literatura não precisa de nós para falar de nós

Daniel, the b-site

please bring me my wine*

(a treinadora exigente e competente)

Se acaso eu tiver de preencher algum questionário com item acerca dos dados profissionais, na secção específica “Profissão” preencho “treinadora”.
Sou treinadora, não sei dizer da minha vocação.
Recebo 4 a 10 clientes por dia dependendo do tempo que planeio dispor a treinar cada um. O tempo de treino vai desde os 15 minutos às 2 horas (caso de algumas excepções) sendo o tempo médio de 45 minutos. É tudo muito intenso e por vezes intensivo. Luto com a desordem dos meus clientes.
Aquando do nosso primeiro encontro, trazem, sempre e invariavelmente, expectativas elevadíssimas acerca do meu engenho. Desgraçados. Um arremesso meu e: chão. Uma pancada seca e o som de um corpo, antes expectante, agora no chão. Corpo arrasado. O treino começa e não permito desistências.
Jamais constará da minha ficha uma desistência. Jamais! (exclamado em Língua Francesa)
Sou dura. Como em tudo o resto, sou muito dura.
Os clientes julgam elogiar-me, radiosos com o sucesso das suas alterações de comportamento devido à acção do tirocínio a que os sujeito. Julgam elogiar-me, dizem “Se não fosse tão exigente, eu nunca teria conseguido isto e aquilo.”. Radiosos. E eu, um animal exigente e arrefecido. Uma asna.

Altero condutas. Avalio meticulosamente. Meço quase tudo e faço inferências atrevidas. INTERVENHO. Sem gritos, pois a dureza é antagónica dos gritos. Faço tudo com parlapié. Não levanto um dedo.

Mais informo que, para além de exímia treinadora de clientes leigos, sou treinadora de treinadores. Pratico, portanto, o metatreino.
Na minha prática de metatreino, recebo elogios dos meus radiosos treinandos e prezados futuros-colegas. Julgam elogiar-me, dizem “Se não fosse tão exigente, eu nunca teria conseguido isto e aquilo.”. Radiosos e jovens. E eu, um animal exigente e arrefecido. Uma asna só.



*Eagles, Hotel California

suspense

Photobucket

a propósito do Nobel a ser anunciado hoje...

ou "porque é sempre pertinente falar de livros"
posts surripiados NA ÍNTEGRA do peixinho de prata

Haste and Waste


Heather Tompkins, San Francisco, USA


* * *


Linear-Actions Cutting




Noriko Ambe, Tokyo, Japan

* * *


Book Mobile - I wanted to be an actress







Lisa Occhipinti, USA

* * *

We love your books

Janet Caldwell
Guylaine Couture
Emma Powell
Alex Alexandrou

We love your books é uma iniciativa de duas professoras de Design Gráfico das universidades de Northampton e De Monfort (Leicester) que reúne trabalhos em torno do livro como objecto único em exposições anuais temáticas desde 2005.
We love your books is a project undertaken by two Graphic Designer teachers at Northampton and De Monfort (Leicester) universities that gathers works around the notion of the book as a single object showcasing them in yearly exhibitions that ran since 2005.
Mais imagens aqui.
More pictures here.

* * *




(bom fim de semana)


Myoung Ho Lee
Tree #5, from the series Photography-Act, 2007


O coração é incapaz de dizer "tanto faz"
parte p'ra guerra com os olhos na paz

[ segredos ] [ e ] [ mentiras ]


Julião Sarmento, Segredos e Mentiras (10)
1999
Técnica mista sobre tela

indecências, incongruências e outros "in"

O facebook é como juntar os amigos
TODOS e AO MESMO TEMPO
na mesma casa
:-| coitados.

link do dia

o tamanho das coisas

Menti-te ao responder “Está.” às perguntas “Está tudo bem por aí? Estás bem?”. A ligação telefónica era boa mas preferi ouvir interferências. Podes imaginar interferências durante a nossa conversa. Menti-te, é verdade.
Tentando explicar-me, o caso é exactamente este: posso dizer um mundo de minudências e nem por isso esquecer o tamanho das coisas.

NOTA#1 Posso dizer o que tantos dizem - o cansaço; porém insisto em acrescentar o primor, o tempo, as exclamações e a vontade (talvez gasta), o passado, dia, lugar, eu.
[Temas: verdade e mentira, coisas e centros.]
NOTA#2 As coisas e os centros podem ser ditas cheias de lugares comuns e sem pausas predefinidas
NOTA#3 É escusado confundir poesia com coisas ditas dos centros.
NOTA#4 Posso, poderia, dizer um mundo das minhas cogitações acerca dos centros.

Neste instante, recolho temas já submersos e faço uma primeira explicação - comparativa, grosseira e certeira sobre um centro: tiróide – verdade; voz – mentira; luz eléctrica – coisas e centros.

Tiróide, voz e luz eléctrica

Façamos analogias.
A voz é luz.
O nervo
recorrente é o fio
eléctrico.

O cérebro é o interruptor.

O pescoço é a parede
Com cordas
vocais são as lâmpadas.

A electricidade é pois o impulso nervoso.

Quando existe intenção de vozear, o interruptor envia a electricidade, através do fio, até à lâmpada onde finalmente se produz a luz. Não é simples mas é corriqueiro.

Notas auxiliares:
NOTA AUXILIAR #1 Repare-se na hipótese 1 “A voz reside na vontade, na intenção e na consciência e é independente da glândula tiróide”.
NOTA AUXILIAR #2 Outras hipóteses poderiam (deverão mesmo) considerar a deglutição.
NOTA AUXILIAR #3 De momento, interessa-me informar-te do alívio que é poder usar esta informação sem interferências e sem um alvo familiar. Tivesse de tomar o caso em registo pessoal e deixaria de ser um tema corriqueiro e tomaria importância, quiçá até seriedade. Nós não queremos isso, gostamos de estar nesse sítio dos temas que se localiza algures entre o banal e o cínico.

Assim e por hoje, não aprofundarei mais este tema pois encaro que este tipo de informação deve ser recebido a espaços.

NOTA AUXILIAR #4 São muito intensas estas coisas da voz, senão vejamos: e o choro?


p.s. não deveríamos colocar a questão da mentira em cima da mesa


foto: Documentation of the work for "Tree" © 2007 Myoung Ho Lee

informações

informação absurda 1) Ontem a noite apresentou-se solitária e preguiçosa, fui ao McDrive, pedi um menu CBO, um sundae de caramelo e um muffin de chocolate (just in case…). a) perguntam-me se quero comprar um muffin congelado, porque não há descongelados, é só chegar a casa e daí a um bocado está bom para comer. Ok! (uma gaija sujeita-se a tudo para ter um kit de emergência em casa) Chegada ao lar e preparado o filme* retiro os alimentos do saco. b) não me embalaram um hambúrguer CBO mas outro, tipo Big Mac sem ser Big Mac. Desilusão.

informação absurda 2) Inscrevi-me no facebook, e agora?

informção útil 1) Se não viram, vejam * Roman Holidays com Audrey Hepburn & Gregory Peck (se viram, revejam)

the age of stupid


para já, o treila é demasiado apocalíptico_já_'tou_farta_de_ver_esta_fórmula

enfim, vim cá só para dizer que o título é grande
nada mais a declarar

discutir percentagens

3º sonho de Calvino



Com o seu sócio está tão envolvido na discussão das percentagens de algo, que não dá pelo que acontece: são engolidos por uma baleia. Dentro do estômago da baleia Calvino continua a discutir percentagens. Percebe, agora, qual o negócio, trata-se da venda de petróleo e de livros. Quem fica com o quê? A discussão está acesa e Calvino empenha-se nela cada vez mais; vira depois as costas ao seu sócio e sai para a rua: observa as pessoas a andarem de um lado para o outro. Os poucos que não estão com pressa, aqueles que param, discutem entre si, percentagens também: 30, não 37!, não, não, 32! Todos discutem, ele próprio não consegue deixar de repetir, para si próprio: 43%, pelo menos 43%!
Mas ao mesmo tempo existe aquela sensação de que estão todos dentro do estômago da baleia, de que aquelas pessoas que ele vê na cidade, cheias de pressa, de um lado para o outro, a discutir percentagens, e ele próprio, há muito foram comidos.

Gonçalo M. Tavares, O senhor Calvino
Editorial Caminho
2005


39. Asta su abuelo

Capricho nº 39: Hasta su abuelo
Francisco de Goya
pub. 1799

o frio e o sol

Não foi a semana passada, nem ontem, mas hoje. Hoje de manhã quando saíste de casa antes de mim e após proferires Bom dia! cerca de 10 vezes e mais distintas coisas lindas outras tantas vezes. Ninguém é assim tão bem disposto pela manhã. Tu és.
Foi hoje que se anunciou o Outono, após a noite que garantes ter sido orquestrada pelo vento que fez estremecer as nossas janelas. Tenho uma vaga ideia de te ver levantado de madrugada a "calçar" a janela do quarto. A tua imagem na luz hesitante entre o ser taciturno e o despertar da madrugada. Pensei não quão maravilhoso és e no facto também maravilhoso de que nesse estado de vigilância o meu cérebro me tenha permitido um intervalo do sono para desfrutar da imagem.

Agora que já confirmámos as correntes de ar, podemo-nos preparar para o Inverno.
Importa saber que, anunciado o Outono, estamos conscientes de que, para o Inverno, a única coisa a fazer é tirar os casacos das caixas, calafetar as janelas e desenrolar os tapetes. O resto será frio, ou não. Sem medo.






http://hollywoodjesus.com/movie/spring_summer/01.jpg



Hoje o vento e a luz anunciaram a chegada desses dias majestosos.
Reparaste nas flores da buganvília a dançaricar pelo chão?






still
de "Primavera, Verão, outono, Inverno... Primavera" de Kim Ki-Duk



[febre inconformada]

dói [stop]
[tanto] [stop]
[passado] não estar [lá] contigo [stop]
beijo [stop]

dorida

STOP









Menino da mamã
Um pequeno marsupial (chamado brushtail possum joey, em Inglês), muito comum na Austrália, dá uma espreitadela ao mundo exterior a partir da bolsa da mãe, durante uma consulta veterinária. O pequeno animal ficará dentro da bolsa da mãe até que complete cinco ou seis meses. Foto: Lee Cooper/Reuters

publico.pt

dos dezedores de poesia

«Não devemos escancarar o poema, temos que respeitar as suas zonas de sombra»
Maria do Céu Guerra

lido no Bibliotecário de Babel




escrever
coisas de modo

ficar o dito
rebentação
medíocre e genial




então a bonança
das coisas ditadas
os dias sem reserva

finda a escrita
afogar-me.













fotos de cj «A drowning in the Avon (1579)»